Gerd Muller (E), Beckenbauer e o treinador Helmut Schön após a conquista da Copa do Mundo de 1974 - Bert Verhoeff/Anefo
No intervalo de três dias morreram dois dos três personagens que foram campeões do mundo como atletas e treinadores. Zagallo (aos 92 anos) e Franz Beckenbauer (78 anos). O outro, o francês Didier Deschamps, é menino perto deles. Tem só 55 anos. Mas Beckenbauer levava pelo menos duas vantagens sobre a dupla. Está entre os 10 maiores craques de todos os tempos. E talvez tenha sido o mais elegante jogador da história.
É isso. Houve uma época em que a TV engatinhava. E raras vezes exibia partidas do exterior. Ao longo da Copa de 1966, por exemplo, a última sem transmissão direta para o Brasil, era necessário aguardar o dia seguinte para ver o teipe. E eis que na vitória de 5 a 0 sobre a Suíça, surgiu um monstro que comia a bola, marcando dois belos gols, sinalizando que o seu objetivo era efetivamente o de mudar o destino do jogo coletivo.
Beckenbauer, que já era uma realidade em seu país, nasceu para o mundo naquela competição, que disputaria em outras quatro ocasiões, duas no campo, e duas como técnico, chegando sempre entre os quatro primeiros. Campeão em 1974 e 1990, terceiro em 1970 e vice em 1986. Vê-lo ao vivo, pois, era um privilégio, e este que vos escreve só teve o gostinho em quatro ocasiões. Mas teve. No Maracanã, em três delas: Brasil e Alemanha, 2 a 2, em 1968, Fluminense 1 a 0 Bayern Munique, em 1975, e Flamengo 4 x 1 New York Cosmos, em 1977. E na Copa de 1974, na decisão contra a revolucionária Holanda, no velho – ainda novo – Estádio Olímpico de Munique, pertinho da fábrica da BMW, espécie de Beckenbauer dos automóveis.
Em 1966, este menino aqui, que contava 11 anos de idade, já havia “ouvido falar” do alemão. E visto sua foto na World Soccer, a Bìblia da época, que meu pai comprava para que eu pudesse “aprender inglês”. Até constatar, durante a Copa da Inglaterra, na telinha em preto e branco, que ele, Franz, existia de verdade. Em 1968, este menino aqui, que tinha 13 anos, acompanhou o cara ao vivo, correndo pelo sagrado gramado do Maracanã, num sábado noturno de sonho, mostrando a sua capacidade de organizar o time, de jogar futebol como quem cumpre uma tarefa qualquer da maneira mais simples e objetiva possível. “Sim, esse é Beckenbauer. Ele mesmo”, dizia meu pai.
É de se imaginar o elegante Franz desfilando na semifinal de 1970, com o braço na tipóia, para espanto e desespero dos italianos. É de se imaginar o elegante Franz na decisão de 1974, alertando outro gênio da bola, Johann Cruyff, que muito antes deles, ainda na base do 1860, ainda menino, ele já ocupava posições diferentes, e que o carrossel – como era chamada a seleção laranja – não era necessariamente uma novidade.
Logo, é de se imaginar o elegante Franz desfilando por Bruxelas, sim, a capital da Bélgica, afirmando aos adversários – russos da União Soviética na decisão européia de seleções de 1972 e espanhóis do Atlético de Madrid na decisão européia de clubes de 1974 – que iria vencê-los, como fez, de goleada, pois já mostrara aos companheiros que futebol não é apenas um duelo de 11 contra 11, mas uma prática que exige profissionalismo e continuidade dentro e fora do campo.
Sim, pois a propósito, Beckenbauer, ao contrário do que costumam dizer, não era “um defensor”. O craque jogava atrás, no meio, na frente, a qualquer momento, em todos os lugares. E brilhava em situações distintas. Mais do que vê-lo, foi ainda mais fascinante trocar palavras com o cidadão, no Maracanã, e ouvi-lo contar como superou as dificuldades impostas por uma Alemanha em reconstrução, ele que veio ao planeta meses depois do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e cresceu em uma Munique, terra natal, que levou séculos para recuperar a normalidade.
Beckenbauer, como milhões de alemães, aprendeu as adversidades que traz um conflito de grandes proporções, e não só foi prático e realista, como os conterrâneos, mas soube complementar tais qualidade como só um autêntico artista faz, sem mau humor e arrogância.
Não cabe discutir aqui e agora quais seriam os outros oito maiores craques de todos os tempos. Pois Pelé e Beckenbauer estão entre eles. Sem saudosismo algum, não seria exagero afirmar que o time lá de cima está ficando invencível.
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