Roberto Assaf

Roberto Assaf: Traços falcêmicos; o começo do fim de Tite

Tite montou um time improvisado que fez papelão na Bolívia  – Foto: Lucas Bayer/Jogada10

O Flamengo do cientista Tite – eliminado em Copas por Bélgica e Croácia – fez um papelão na Bolívia. Cartolas e Comissão Técnica, ambos enlouqueceram, mandando um bagaço de time para La Paz, absolutamente improvisado, em todos os sentidos. Não culpem só a altitude. O Bolivar – quem viu os jogos anteriores sabe – tem uma boa equipe. Já havia provado na Libertadores. A sorte é que hoje esteve em nível abaixo. Caso contrário, aplicaria uma goleada. Isso é de uma irresponsabilidade completa. O que passa na cabeça de quem comanda o clube? Que brincadeira é essa? Quem assume?

Mas vamos lá. A derrota de 2 a 1 para o Bolivar, evidente desde a véspera, quando a ciência ganhou status de jogador, tem dois lados. Vamos começar pelo péssimo: a situação na Libertadores ficou caótica. O bom: é o começo do fim de Tite.

Tite e o Flamengo

A saída do cidadão, prevista para junho, pode até ocorrer antes da Copa América, pois ele não aguardou o começo do torneio para escalar reservas. Mas a demissão – ou quem sabe o próprio técnico peça o boné – provavelmente só acontecerá ao longo da maldita competição, quando será obrigado a lançar um time efetivamente B no Brasileiro, por conta das inevitáveis convocações de Dorival Júnior e dos treinadores estrangeiros. O Flamengo fará nove partidas com o B na competição nacional, e isso provocará uma queda absurda na tabela, levando o Rubro-Negro a brigar contra as últimas colocações.

É de se imaginar que a diretoria do clube retardará o processo, para impedir o pagamento imediato das indenizações, mas como ocorreu em ocasiões anteriores – 2023 é exemplo – a pressão geral determinará o adeus a Tite e aos cientistas de sua CT. É absolutamente insuportável que um clube com uma torcida gigantesca, estrutura e orçamento de Europa, não possa escalar atletas de alto nível, que ganham milhões, com pagamentos em dia, duas vezes por semana.

Poupar deve ser uma prática esporádica, aqui ou ali, dependendo basicamente da fragilidade flagrante do adversário, ou da necessidade urgente do jogador que tem de fato um problema que será agravado caso seja aproveitado.

Tá cansando…

O que o futebol, no geral, está fazendo é cansar os seus fãs mais ardorosos, abusando de práticas que esgotam a motivação, a paciência e a fidelidade do torcedor. E que empobrecem o próprio jogo, como escalação de reservas em compromissos importantes, a praga do VAR e os preços exorbitantes, abrindo espaço para curiosos que utilizam o esporte para mera diversão – gente que vai ao estádio tirar selfie e desconhece o assunto – ou para espertos que só buscam o enriquecimento, como o festival de apostas, cuja utilização é provocar a desconfiança e o descrédito. E quando o cara marca gol, tira a camisa e joga a mesma para o alto? Viram os valores na reportagem de O Globo?

O jogo

Ciência – Quanto ao jogo em La Paz, ora bolas, o Flamengo tomou gol mal a bola rolou – Francisco da Costa de cabeça – e o Bolivar deve ter considerado a coisa fácil, e de tal forma que deixou o adversário empatar na sequência, o que parece, congelou o time, que passou a errar na mesma proporção dos cariocas, que na soma das bobagens ainda teve a chance – como os locais, de marcar. E se o Bolivar tomou susto, o Flamengo foi um caos. Wesley péssimo, o trio de zagueiros perdido, o meio fora de sintonia, o ataque sem tempo de bola.

No intervalo, o treinador trocou Vitor Hugo – o que é Vitor Hugo? – pelo bonde Luiz Araújo, mas o Rubro-Negro abraçou a retranca, atraindo o Bolivar, mas é fato que enquanto o jogo estava empatado, também havia a possibilidade de – quem sabe – o time do Rio acertar um contra-ataque fatal. Que, no entanto, não conseguiu. Aos 62 minutos, após desperdiçar duas oportunidades, Bruno Sávio, desmarcado, enfim pôs a bola na rede: 2 a 1. Aos 75, Jesus Sagredo meteu a mão na bola. Pênalti ignorado. Que também servirá de desculpa.

O primeiro lugar do grupo foi para o espaço. A classificação ainda não. Mas o Flamengo tem agora grande chance de perdê-la para os “traços falcêmicos”.

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Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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