Romário abre o verbo e dá um bico na modéstia: ‘Sempre me considerei o melhor’

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Apesar de ter largado o futebol há muitos anos, Romário ainda é Romário quando abre a boca. Em entrevista ao site ‘The Players Tribune’, o Baixinho abriu o verbo e revelou algumas histórias inéditas e outras já conhecidas. O camisa 11, tetracampeão mundial pela Seleção, também fez um balanço de sua carreira pelo lado humano. E nem por isso poupou advérbios a ele mesmo: ‘Eu já fui tudo: marrento, nojento, babaca, escroto…’

Romário: revelações e polêmicas na entrevista ao The Players Tribune – Reprodução de vídeo

Fã da night

“Em alguns clubes, é verdade, fiz um acordo que me permitia ir para a noite. Mas nunca faltava ao treino. Quero deixar isso bem claro. Quando voltei a jogar no Brasil, disse a todos os presidentes: ‘Olha, tenho dificuldade para acordar cedo, então vou treinar à tarde’. Eles nem precisaram escrever nada no papel. Cara, falavam tanta m. disso: ‘Ah, Romário não dorme’. Dorme. Ele só acorda mais tarde. ‘Romário não treina’. Treina! Mas não às nove da manhã. Os dirigentes sabiam. Se eles contavam aos treinadores, isso já não era problema meu”.

Nada de cigarros, bebidas ou drogas

“Nunca saí na noite anterior a um jogo. Se tinha jogo no domingo, eu saía na sexta. Pode ser que tenha acontecido algumas vezes, mas foi uma em dez, no máximo. E nunca fumei. Graças a Deus, nunca usei drogas. Nunca bebi. Nem uma gota. Quem disse que você tem que ficar bêbado para se divertir? O que sempre gostei muito é da noite”.

Sexo antes dos jogos

“Você tem que fazer o que funciona para você. Sexo, para mim, sempre fez bem para c… Às vezes, no dia do jogo, eu ficava em casa, longe do resto da equipe. Se acordasse com tesão, fazia sexo com minha mulher e depois ia para o jogo. Em campo, ficava bem tranquilo, leve”.

Medo de cachorro

“Tenho um medo filha da p… de cachorro, cara. Quando eu tinha 13 anos, fui visitar minha avó no Jacarezinho e dois vira-latas e um pequinês avançaram em mim. Eu respeito os cachorros. Nunca vou fazer mal a eles. Mas tenho pavor. E quanto menor o cachorro, mais medo eu tenho. Um pastor alemão? Eu consigo conviver. Mas um Chihuahua? P… que pariu!”.

O Michael Jordan do futebol

“Sempre me considerei o melhor. Quando digo isso, quero dizer o melhor finalizador. Se é impossível de eu finalizar, eu passo a bola para outra pessoa. Se é quase impossível, eu tento finalizar. Essa é a lógica: se eu não conseguir, outro companheiro com certeza não vai. E eles sabiam disso, tanto é que davam a bola para mim. Porque era o melhor para o time. É como no basquete, quando você precisa fazer uma cesta de três pontos nos últimos segundos. Você dá a bola para quem? Para o Michael Jordan”.

Como chegar aos 1.000 gols

“Depois dos 35 anos, parei de me preocupar em jogar bem. Só queria chegar aos mil gols. As pessoas dizem que eu não treinava. Repito: eu treinava, mas de uma maneira diferente. Outros jogadores podem dar 70 voltas no campo ou correr sete quilômetros. Eu dava 70 chutes a gol. Fazia um treinamento específico para o que eu precisava fazer em campo. Meu negócio era treinar finalização para aproveitar todas as oportunidades que tivesse. Ninguém se torna o melhor sem praticar, nem mesmo eu. Pegue qualquer gênio natural do esporte. Posso garantir que eles praticaram muito”.

Efeito psicológico

“O milésimo gol foi uma saga e tanto. Eu tinha 41 anos, então minha mente teve que fazer o trabalho que minhas pernas se recusavam a fazer. Eu tinha que pensar: para onde vou correr? Como é que vou sair desse zagueirão? Era um cansaço duplo, brother! Minha cabeça saía cansada depois dos jogos.”

Romário sendo Romário

“Se eu me arrependo de alguma coisa? É o seguinte: eu já fui tudo. Marrento, nojento, babaca, escroto… É uma lista longa. Mas você tem que julgar cada ação de acordo com o momento em que aconteceu. Eu era um cara diferente antes e o mundo do futebol era um lugar diferente. Eu vim do nada. Tive que lutar muito para chegar ao topo e acabei extravasando todas as minhas emoções. Tudo o que eu fiz, de bom ou de ruim, veio do coração”.