Principal estrela do tetracampeonato da Seleção Brasileira em 1994, Romário mandou uma carta motivacional para o atacante Neymar a três dias da estreia do Brasil na Copa do Mundo do Qatar. Ao site “The Player’s Tribune”, o ex-jogador relembrou as críticas que sofria antes de conquistar o torneio nos Estados Unidos. Além disso, disse que, a exemplo de Neymar, tinha o rótulo de indisciplinado.
“Sei perfeitamente o que você está sentindo. Ah, claro, todo mundo gosta de dizer que o Baixinho é isso, que foi aquilo ou que sou o cara. Mas a verdade, parceiro, é que até 1993 tinha muita gente que falava mal pra c* de mim. Não tô de caô, não. É sério!”, escreveu.
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Romário disse que era duramente criticado pelo seu comportamento fora das quatro linhas e pelas suas declarações. Contudo, deixou claro que era o seu jeito de ser.
“Numa boa, faça a sua parte dentro de campo e tente esquecer o resto, todo esse barulho que vem de fora. É o que sempre falo: quem precisa ter boa imagem é aparelho de TV. Continue não dando importância para o que os outros vão comentar sobre você”.
“Você dá alegria ao povo brasileiro quando joga, Neymar. Você é p***, irmão!”, acrescentou.
De Romário para Neymar: a importância do coletivo
Na carta, Romário rechaçou o entendimento de que teria faturado sozinho o Mundial. Assim, contou um episódio nas oitavas de final para explicar a importância do coletivo na campanha vitoriosa.
“Nós enfrentávamos os Estados Unidos na casa deles. Aliás, o jogo estava pesado. Além disso, para piorar, o Leonardo foi expulso. Nem sempre as coisas saem do jeito que a gente quer. Já imaginou a pressão? Ser eliminado nas oitavas de final contra os Estados Unidos? Eu podia sentir o calor das críticas, que estavam bem guardadas para uma eventual derrota”.
“Então, num lance, fui buscar no meio-campo, pedi a bola e carreguei para o ataque. Os jogadores me cercavam, inclusive o Lalas, um zagueiro gigante, que botava medo em qualquer um (menos em mim). Eu poderia ter chutado para o gol, o ângulo me dava essa condição. Mas eu tomei outra decisão. Afinal, o Bebeto estava mais bem posicionado, e eu passei a bola para ele. Ainda dizem que eu era fominha, é mole?!”, completou.
Confiança em Neymar
O ex-atacante tratou de elogiar o atual momento do atual craque do Paris Saint Germain e relembrou da inesquecível comemoração ao lado de Bebeto, na qual o baiano falou que amava Romário.
“Você pode não saber, Neymar, porque era muito criança. Mas a torcida brasileira lembra do que o Bebeto me disse na comemoração. Aliás, o Brasil inteiro fez a leitura labial: “EU TE AMO”. Depois dessa, já era. Não tinha como deixar o tetra escapar. Faço questão de te contar essa história porque, como você já deve saber, ninguém ganha nada sozinho. Muito menos uma Copa”.
“Agora é sua vez, parceiro! Confio em você. Ou melhor, o Brasil confia em você”, encerrou.
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