O Vasco celebra o feriado dia 21 de abril de uma maneira especial. Afinal, além da data em referência a Tiradentes, também é aniversário de São Januário. O estádio completa 96 anos nesta sexta-feira e está cada vez mais próximo de ver sua tão sonhada reforma e ampliação aprovadas. Tudo depende do aval de um projeto de lei que já foi enviado à Câmara Municipal de Vereadores.

A expectativa da diretoria é que essa definição saia até o fim deste primeiro semestre, no mais tardar na altura de outro aniversário – o de 125 anos do clube. O projeto consiste em formalizar o potencial construtivo de São Januário e, assim, gerar um investimento da iniciativa privada equivalente aos 70 mil metros do estádio. Estima-se que o valor vá girar em torno de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões. Em seguida, esse montante vai para um fundo que só poderá ser utilizado para a modernização da casa cruz-maltina.

O procedimento é bastante comum e já foi realizado, recentemente, em locais como Jacarepaguá e no Porto Maravilha, que é a região que mais cresce no Rio de Janeiro hoje em dia. Aliás, cada situação exige uma lei específica. Por isso, é necessário aguardar a aprovação.

“Nós estamos em contato com a Prefeitura há quase dois anos. É um processo complexo, mas viável e cada vez mais comum. Contamos com a ajuda essencial do prefeito Eduardo Paes, um grande vascaíno, que deu atenção a isso para que andássemos com os primeiros passos. Agora, todo esse processo de análise e preparação acabou e só estamos aguardando o aval na Câmara”, explicou o vice-presidente geral do Vasco, Carlos Roberto Osório, que trata diretamente do projeto.

Melhorias imediatas no transporte

A localização de São Januário também é considerada estratégica. Afinal, um pacote de melhorias tem sido aprovado na gestão de Paes. A primeira delas, que será inaugurada em breve, é uma estação do BRT Trans-Brasil, que ficará a 250 metros de distância do estádio. Ou seja, isso facilitá o transporte dos torcedores, principalmente da Zona Norte e da Baixada, já durante este Campeonato Brasileiro.

“A área perdeu a qualidade urbanística, e há muitos investidores, além do poder público, com interesse nessa revitalização. São Januário é o grande indutor disso, o que ajudou muito nestes trâmites. Então está mais do que na hora de a reforma sair do papel”, ressaltou Osório.

Quanto a política do Vasco atrapalhou?

Olhar para trás pode não ter tanta importância, mas é inevitável constatar o quanto a conturbada política cruz-maltina atrapalhou as inúmeras tentativas anteriores de se iniciar a modernização do estádio. Uma deles, inclusive, fracassou ao sugerir abrir uma licitação para a venda de naming rights, em moldes similares ao que foi feito pelo Palmeiras.

Além da falta de organização e de união por conta dos entraves internos, o Vasco ainda desperdiçou as chances de usar os recursos dos comitês esportivos internacionais. Isso porque, tanto para os Jogos Pan-Americanos de 2007 quanto para as Olimpíadas do Rio, em 2016, São Januário era favorito para receber modalidades, como o rúgbi. Osório crê que “faltou pró-atividade” para as respectivas gestões e explicou o motivo pelo qual acredita que não haverá mais problemas para seguir com o atual projeto.

“Esse ano nós temos um cenário totalmente diferente. Só o fato de termos aprovado uma SAF para o futebol no ano passado, com uma reforma no estatuto, já mostra que há um pensamento conjunto em prol do clube. Ninguém imaginou, principalmente entre os rivais do Vasco, que seria possível votarmos todos juntos por uma mudança e o fizemos. E vamos fazer outra (reforma) quando formos aprovar esse projeto (…) Não tenho dúvida nenhuma que nada vai mudar com a eleição”, aposta o vice-geral, em referência ao pleito de novembro.

Modelo do projeto de modernização de São Januário, idealizado em 2019 – Divulgação / Vasco

Projeto de ampliação já está pronto

O Vasco já tem os detalhes do projeto prontos, já que foi aproveitado da gestão anterior. Ele é de 2019 e foi assinado pelo arquiteto Sérgio Dias.

“Não jogamos nada de valor fora. É um projeto muito bom e que atende a todos os requisitos de uma arena moderna e sustentável”, assegura Osório, que conhece o arquiteto da época em que foram colegas em pastas de secretaria municipais da Prefeitura.

Enquanto isso, pequenos reparos estruturais começaram a ser feitos nas últimas semanas pela SAF. De acordo com o contrato, a 777 Partners é a responsável pela manutenção do estádio. Parte dos torcedores vem criticando a demora para essas ações, mas o CEO da SAF, Luiz Mello, afirmou que a empresa priorizou as melhorias no CT Moacyr Barbosa e o equacionamento das dívidas urgentes.

“Vamos atacar todos os pontos aos poucos, mas entendemos que é um processo. Não adianta eu falar que vou mudar tudo dois meses, três meses. Entendemos que a torcida é ansiosa, mas temos que fazer isso dentro de um prazo que faça sentido.”, argumentou Mello.

Além disso, claro, houve um significativo aumento do investimento no orçamento para o futebol nesta primeira fase. O Vasco, afinal, tirou do bolso R$ 109 milhões de dezembro a abril para reforçar o elenco e pretende injetar mais dinheiro entre julho e setembro.

Licitação do Maracanã não é essencial

Há uma disputa em curso pela futura licitação do Maracanã. A SAF vascaína deseja administrar o estádio e já tem uma proposta oficial. Isso pode ter impacto direto na reforma de São Januário, já que o time vai precisar de uma casa fixa enquanto sua arena está sendo erguiada. Mas, segundo Osório e outros nomes importantes da diretoria, o projeto vai sair do papel independentemente disso.

Vale lembrar que 2023 também marca os 100 anos do primeiro título estadual, conquistado pelos Camisas Negras. A equipe deu origem ao que causou a “Resposta Histórica”, de 1924, que foi decisiva para afastar o racismo no futebol. Além disso, o clube completa 125 anos em agosto, juntamente com os 25 da conquista da Libertadores. Portanto, os próximos meses têm tudo para serem marcantes na trajetória do Vasco.

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