São Januário, o nosso caldeirão

Canta a torcida do Vasco: “São Januário, meu caldeirão”

Com respeito aos vascaínos, mas, neste domingo, São Januário foi de todas as torcidas.

Foi padroeiro do respeito. Do carinho, do amor. Sobretudo, da civilidade.

O estádio histórico, palco de discursos de Getúlio Vargas em uma época que os trabalhadores ainda lutavam por seus direitos, pelo reconhecimento de sua força motriz.

Repito.

Neste domingo, São Januário foi de todos.

Foi do Fluminense, que vestiu camisas com os números da cor do arco-íris. Do capitão que usou braçadeira das mesmas cores e vestiu o difamado 24.

Foi do Vasco, que abriu mão de sua tradicional faixa preta que enverga a Cruz dos Cavaleiros de Cristo para usar as cores que simbolizam o movimento LGBTQIA+. São as cores que servem de paleta para nossas vidas em sociedade.

Diferentemente do obscurantismo chafurdado na escuridão por onde andam a súcia de vermes, canalhas, biltres, hipócritas que fazem estardalhaço em nome de deus (com letra minúscula, afinal o nosso Deus não é o mesmo deles). Que vomitaram sandices, charlatanismo e intolerância pelas redes sociais.

Ótimo.

Que nomeemos esses elementos. Que usem crachás para que sejam apontados como bastardos pela mão pesada da História.

Ao fim, foi, à contra-luz da Colina, German Cano que nos deu uma versão pós-moderna da tomada de Iwo Jima. Ergueu a bandeira de escanteio para desfraldá-la no céu de São Januário e decretar a tomada de um território em nome de uma sociedade mais justa, fraterna, igualitária, despida de rótulos.

São Januário é o nosso caldeirão.