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O destino, nem sempre insensato, quis que a Seleção Brasileira entrasse em campo na Copa do Mundo justamente no Dia Nacional do Samba. Nesta sexta-feira (2), o Brasil enfrenta Camarões pela última partida da fase de grupos da Copa do Mundo, em um encontro que parece ter sido desenhado pelos deuses do futebol. Afinal, o gênero musical acompanha o time canarinho há gerações.
O samba é um ritmo brasileiro, mas com evidentes raízes africanas. Os escravizados que atravessaram o Atlântico trouxeram ao Brasil seus batuques, danças e festas, que se misturaram ao folclore nacional e constituíram um novo ritmo de música e dança. E muitos destes escravizados vieram da África Ocidental, justamente a região onde hoje fica Camarões, adversário da Seleção nesta sexta.
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Para todo o planeta, as duas palavras que vêm à mente quando se fala em Brasil são justamente samba e futebol. De fato, estas paixões nacionais viraram também símbolos do país e suas histórias chegam a se confundir. Ambos foram as expressões mais bem sucedidas dos negros brasileiros a partir do começo do Século XX. Portanto, não surpreende que o samba sempre tenha estado ligado à própria Seleção Brasileira. E, no time que joga a Copa do Mundo do Qatar, não é diferente.
“O Dani (Alves) toca muito bem, o Fred e o Raphinha também. O Rodrygo e o Alex Telles tocam cavaquinho. Dá pra fazer um pagodinho, uma bagunça no vestiário. O Richarlison é que pega o pandeiro e faz uma cara de quem está tocando certinho. E o Fabinho também, é todo errado no ritmo (risos)”, disse o atacante Antony, de forma descontraída, à CazéTV.
Nas últimas décadas, o mundo se acostumou a ver imagens da Seleção Brasileira chegando a grandes jogos com instrumentos nas mãos. Pandeiros, cavaquinhos, reco-recos e agogôs se tornaram peças tão obrigatórias quanto as camisas, calções e chuteiras. Mais que um símbolo da descontração e do sorriso brasileiros, o samba prova ser uma forma de expressão que tem tudo a ver com o próprio futebol.
Manifestação cultural dos negros brasileiros há mais de século, o samba e seus artistas foram perseguidos pelo racismo ao mesmo tempo em que os pretos custaram a ganhar espaço no futebol. Considerado o primeiro samba gravado, ‘Pelo Telefone’, de 1916, surgiu cinco anos antes do então presidente Epitácio Pessoa recomendar que não se convocasse negros à Seleção Brasileira.
Muitas décadas depois, em 1994, o pagode no ônibus da Seleção virou comum antes mesmo de jogos tensos da Copa do Mundo, como a final contra a Itália. Já em 2002, Ronaldinho Gaúcho, Denílson e Edílson lideraram o batuque que, assim como nos Estados Unidos, deu sorte ao Brasil, que saiu campeão mundial. Expressões brasileiras que, apesar de toda a resistência contrária, desenharam o país no mapa.
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