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Atlético Mineiro e Flamengo chegam à decisão da Supercopa do Brasil com trajetórias semelhantes no ano de 2022. Dois técnicos novos no cenário nacional, ambos dados a experiências mirabolantes, e resultados óbvios diante do comportamento que ambos adotaram, com escalações e esquemas confusos, e vitórias obrigatórias contra adversários quase sempre muito frágeis, além da indefinição em relação aos times titulares. Poucas vezes foi possível observar, em campeonatos regionais, times pequenos tão insignificantes, que oferecem pouca e normalmente nenhuma resistência.

Paulo Sousa e Antonio Mohamed : primeiro grande desafio já vale título  – Marcelo Cortes/CRF | – Pedro Souza/CAM

Mas a vantagem do Atlético é evidente, por duas razões, dentro e fora do campo. Ganhou quatro títulos praticamente consecutivos e manteve basicamente o elenco vencedor. E continuará contando com a arrogância do Flamengo, que sofreu um punhado de decepções no segundo semestre do ano passado, mas continua acreditando que o time que conquistou 13 títulos em um período inferior a dois anos ainda existe.

Como se não bastasse, o Atlético aguarda por algum tempo o momento de humilhar o grande rival em uma decisão nacional, essa aqui arquivada por duas décadas, e que ganhou importância relevante nos últimos três anos.

O futebol do Flamengo de hoje é um apanhado exótico de jogadores em eterna recuperação, que raras vezes suportam uma partida inteira, com jovens da base que definitivamente não têm bola para substituir a turma que brilhou intensamente entre 2019 e a metade de 2021. Fora as trapalhadas do treinador. Assim, não seria exatamente uma surpresa se o Flamengo sofresse, nesse, digamos, duelo, um dos grandes vexames de sua longa história, uma daquelas goleadas de corar as faces do mais branquinho dos bebês.

Há dois aspectos distintos ainda a comentar. O cronista não pode ficar em cima do muro, pois o que o torcedor mais quer é saber a sua opinião. Para dizer que “trata-se de um clássico e nesses não há favorito” – hábito de engenheiro de obra pronta – é necessário que haja uma igualdade absurda em todos os sentidos entre os dois times que fazem a decisão, o que está longe da verdade.

O Atlético vencerá com alguma facilidade e seguirá, pelo investimento que recebe e representa atualmente, a sua saga vencedora, e o Flamengo mergulhará em um abismo que só conseguirá sair – se esquecer a arrogância e trabalhar para tal – em 2023. O tempo perdido entre a chegada de Renato Gaúcho e a saída de Paulo Sousa – que ocorrerá em breve – obrigará o clube a recuperá-lo nos próximos meses, pois a torcida enfim cairá na real e a cobrança, consequência de novas decepções, será agressiva.

Na realidade, a Supercopa de 2022 só existirá por interesses financeiros de ambos os lados e da TV, pois o Atlético já deveria ter sido proclamado como campeão. No entanto, e como se sabe, no futebol tudo é possível, incluindo resultados absolutamente improváveis. Por isso é o esporte mais popular no mundo inteiro. E é só a isso que a torcida do Flamengo tem para se sustentar até lá: a esperança de uma zebra com Z maiúsculo que possa estragar a festa que está justamente programada para Minas Geras

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10

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