Só Jorge Jesus pode exorcizar o próprio fantasma

A fixação da diretoria e da torcida do Flamengo no técnico Jorge Jesus é algo fácil de explicar. O treinador português comandou o time rubro-negro na espetacular temporada de 2019. E conseguiu a proeza de deixar o clube com mais títulos do que derrotas.

Jesus fez uma equipe do Flamengo tão avassaladora, que chegou a ser comparada àquela comandada nos gramados por Zico, o Deus da Nação, no melhor de todos os times da centenária história do clube da Gávea.

O português foi campeão brasileiro com ótimo futebol e acabou com a sina de decepcionantes campanhas na Libertadores, desde o solitário título de 1981. Conquistou a América e foi lá bater na trave no Mundial de Clubes.

Com justa razão, é idolatrado pela galera, mesmo tendo deixado o clube ao primeiro aceno do Benfica, apesar das incontáveis juras de amor. Como herança, deixou mais do que títulos. Os treinadores que vieram enfrentaram um fantasma, que estava lá, à espreita, exigindo mais e mais vitórias, mais e mais futebol.

E lá se foram Dome, Rogério Ceni e Renato Gaúcho. E, agora, a diretoria corre atrás de Jesus, o único capaz de fazer frente a si mesmo. Se dará certo, é difícil dizer. Mas o Flamengo e a sua gigantesca torcida precisam reviver essa paixão. Nem que seja para chegar à conclusão de que não era bem isso. Só Jesus é capaz de exorcizar o próprio fantasma. Se não for ele o técnico, o amor será eternamente platônico.

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.

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