O Fluminense entra em campo nesta terça-feira (6), às 21h35, para enfrentar o Macaé, pelo Campeonato Carioca. No banco de reservas do time do Norte Fluminense estará uma figura bem conhecida de todos os tricolores. Pelo menos para os mais velhos. O técnico Dário Lourenço foi zagueiro do Flu nos nos anos 1970 e participou de um jogo histórico, motivo de orgulho para a torcida.

Em abril de 1978, o Fluminense fez uma excursão à Nigéria para a realização de três jogos amistosos. E na delegação estava ninguém menos do que Pelé, garoto-propaganda de duas empresas estatais. A presença do Rei do Futebol na excursão tinha motivos extracampo, já que o Brasil estreitava laços comerciais e econômicos com o país africano. Mas como explicar para os nigerianos que o Fluminense estava chegando com Pelé e ele não jogaria?

Amistoso Fluminense x Racca Rovers (NIG), 1978 – De pé: Paulo Emílio (técnico), José Roberto (preparador físico), Renato, Marinho Chagas, Dário, Miranda, Edevaldo, Rubens Galaxe e Arnaldo Santiago (médico). Agachados: Gildázio, Arturzinho, Geraldão, Pelé e Gilson Gênio – Reprodução/Revista do Fluminense

No primeiro jogo, na capital Lagos, o Fluminense enfrentou a seleção da Nigéria e venceu por 3 a 1, com Pelé atuando em um tempo pela equipe africana. Quatro dias depois, o adversário era o Racca Rovers, então vice-campeão nacional, na cidade de Kaduna, a 800km de Lagos. Pelé estava no ônibus com a delegação e foi obrigado a jogar pela polícia local. Além do caos provocado na cidade (o estádio tinha capacidade para apenas 10 mil pessoas), o governador da província ameaçou abandonar o estádio quando soube que Pelé apenas daria o pontapé inicial. Foi então que o chefe de polícia implorou à diretoria do Fluminense para que Pelé jogasse.

Chuteira apertada e fuga do terceiro jogo

Com uma chuteira um número menor, o Rei do Futebol entrou em campo para defender as cores do Fluminense. E Dário Lourenço estava em campo. Zagueiro vigoroso, dono de um vasto bigode, formava a zaga ao lado de Miranda. Com Pelé em campo, o Flu fez 1 a 0 no primeiro tempo. No segundo, o jogo ficou mais disputado, mas o Fluminense saiu de campo vitorioso: 2 a 1.

O Fluminense ainda teria o terceiro e último amistoso a fazer, contra o campeão nacional IICC, em Lagos. Mas, para evitar uma nova confusão, Pelé tratou de pegar um avião de volta para o Brasil, para decepção dos nigerianos. Sem poder treinar de maneira adequada por causa da desorganização da excursão, o Fluminense entrou em campo à meia-bomba e só empatou em 1 a 1.

“Para o último jogo não foi possível fazer o treinamento. Uma manifestação estudantil nos obrigou a voltar ao hotel. Além disso, muitos jogadores perderam peso pois não conseguiram se alimentar direito”, afirmou o técnico Paulo Emílio em entrevista ao ‘Jornal dos Sports’.

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