João Saldanha, crítico voraz da Seleção Brasileira após o fracasso na Copa do Mundo de 1966, foi desafiado pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos), atual CBF, para comandar o escrete canarinho em 1969 e retomar o prestígio da equipe diante da população. Na Inglaterra, o time bicampeão mundial fora eliminado na primeira fase, com duas derrotas consecutivas (Hungria e Portugal).
Sob comando do célebre jornalista esportivo, campeão carioca pelo Botafogo em 1957, o Brasil classificou-se para a Copa de 1970 com o pé nas costas: seis jogos, seis vitórias, 23 gols marcados e apenas dois sofridos nas Eliminatórias Sul-Americanas. Aquela reunião de craques ficou conhecida como “As feras do Saldanha”. Popular novamente, a Seleção estava pronta para ir ao México e recuperar a Jules Rimet.
Saldanha nunca escondeu sua ideologia política: filiado ao Partido Comunista (o “Partidão”), sentia-se constrangido ao ser o treinador da Seleção durante o período mais violento da ditadura militar e temia participar da transformação do time verde e amarelo em propaganda política do regime.
Por outro lado, ainda em 1969, Emílio Garrastazu Médici assumia a presidência com outro interesse na Seleção. Se a preocupação de seu antecessor, Artur da Costa e Silva, era somente ver o povo alegre e vibrando com a equipe, o novo governo queria interferir cada vez mais na CBD, algo inadmissível para o treinador cuja permanência na entidade ficava cada vez mais insustentável.
Em meio a denúncias públicas de desaparecimento e tortura feitas por João Saldanha, Médici sugeriu o nome de Dadá Maravilha para os jogadores chamados a defender o Brasil no México. O técnico tomou aquilo como uma provocação, irritou-se e devolveu:
“Nem eu escalo o ministério, nem o presidente escala o time”, disse o treinador, que recusava-se a encontrar-se com Médici, a quem considerou “um dos maiores assassinos da história do país”.
Duas semanas depois, Saldanha estava demitido, e Zagallo, com Dadá no elenco, comandaria a Seleção Brasileira no tricampeonato mundial.
Gaúcho como Saldanha, Tite pode ter virado um problema de Estado ao não posicionar-se a favor da Copa América, torneio remarcado para o Brasil e bancado pelo Planalto em meio à pandemia do novo coronavírus e ao fim do calendário para os atletas que atuam na Europa. Certamente, estará incomodado se a Seleção virar um instrumento nas mãos da extrema-direita.
Ao contrário do “João Sem Medo”, porém, Tite nunca externou suas preferências ideológicas ou sua definição no espectro político. Sempre foi um “isentão”, com prudência e razoabilidade, como mostrou ao defender o direito à vacina contra a Covid-19 para todos os brasileiros, há duas semanas. O técnico, assim como pessoas e instituições mais inclinadas à direita, integra a lista de “comunistas” somente na cabeça do bolsonarismo, pois não reza a cartilha tresloucada do governo federal.
Renato Gaúcho, cotado para ser o sucessor, tem um alinhamento quase automático com o poder. Defensor do Planalto e cabo eleitoral de Jair Bolsonaro, descumpriu várias vezes as regras sanitárias de prevenção contra o coronavírus, como a maioria dos adeptos do atual chefe de Estado e o próprio presidente da República.
E ainda há quem insista que futebol e política estão separados…
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