Roberto Assaf

Três meses para Tite

Não é possível, como se ouve pelas ruas, comparar Tite com os antecessores. A propósito, é difícil encontrar técnicos – é assim que se anunciam – como Vitor Pereira e Jorge Sampaoli, tão nocivos à trajetória de 111 anos do Flamengo. O ex-treinador da Seleção Brasileira conquistou, por clubes, quase todos os títulos em disputa na atualidade. Diferentemente dos professores que empilharam fracassos no Rubro-Negro, não tenta inventar a roda. E vez por outra apresenta alguma coerência no cotidiano. Mas não conhece os atalhos da Gávea e está longe de ser o sonho da torcida.
Seria leviano afirmar que Tite não conhece o ofício. Telê Santana também perdeu duas vezes a Copa do Mundo – com craques de verdade à disposição – e continua sendo o queridinho de cronistas e entusiastas do velho esporte bretão. Não é possível ter o torneio, que eventualmente, como o próprio futebol, é capaz de criar surpresas, como referência definitiva. O discurso elaborado, na teoria, e aberto a concessões, na prática, são os grandes problemas de Tite. É prudente, por ora, acreditar que o professor, diante da possibilidade de um trabalho a médio prazo, consiga realizar o que há de mais necessário no Flamengo de hoje. Ou seja: esquecer o passado recente – o de glórias e de decepções – com uma renovação que faça do Rubro-Negro carioca um time vencedor.

Tite no Flamengo: em três meses saberemos se será ou não uma solução – Goto:  Mohamed Farag/Getty Images

Tite x eterna empáfia do Fla

O treinador, no entanto, terá que aprender a driblar, e não era muito forte no quesito quando atleta, a eterna empáfia que já levou o clube a perder dezenas de títulos ao longo das décadas. Pior, suportar cartolas que se julgam acima do mal e do bem. E sempre prontos para ignorar opiniões e tragédias anunciadas, como as contratações de Pereira e Sampaoli.

Pereira e Sampaoli contrariaram, como previsto, até uma das mais antigas frases – “duas alegrias: a primeira quando chega e a segunda ao ir embora” – do anedotário popular. Os dois professores jamais entregaram o prazer. Mas apenas dissabores, como afirmaram – entre os quais este que vos escreve – as velhas raposas do futebol.

Tite tem, até o fim do ano, dois meses para assustar os fantasmas que ainda rondam a Gávea. Depois, 30 dias de férias para refletir sobre o que viu e ouviu, e um punhado de obrigações ao iniciar a temporada. Poucas vezes um técnico assumirá um grande clube com tempo para recuperar a terra arrasada por dois malfeitores do esporte. E, assim, sepultar o comportamento de dirigentes que construíram – com competência – e destruíram – com vaidades e presunções – um dos três melhores times da história do Flamengo.

Os grandes problemas de Tite são – como dito – o discurso elaborado, na teoria, e o jeitão aberto a concessões, na prática. Por ora, precisamos acreditar. Mas até o fim do ano – miseravelmente desperdiçado sob todos os pontos de vista – já teremos material para dar uma opinião definitiva.

Por Roberto Assaf

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Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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