Um oásis em pleno deserto

Num futebol que tem sido um deserto de ideias, o segundo gol do Flamengo na vitória de 2 a 0 sobre o Coritiba, no Maracanã, pela Copa do Brasil, é um oásis. Mais de 50 segundos de posse de bola ofensiva e dezenas de toques no campo de ataque até que a pelota chegasse macia ao fundo da rede, empurrada por Bruno Henrique.

Num jogo cheio de mesmices, em que os times insistem numa suicida troca de passes na defesa, a posse ofensiva resgata a essência do futebol de qualidade. É ali que a bola precisa ser bem tratada, que os talentos se consagram, os craques definem.

Atualmente, a imensa maioria das equipes inverte a lógica. Os times trocam passes de forma inútil e enfadonha na zona defensiva e desprezam a bola a partir do meio de campo, justamente na fase em que deveriam tratá-la da melhor forma. Ou é incomum vermos as bolas lançadas na área lá da intermediária em qualquer cobrança de falta?

Pois é. Por isso, o gol trabalhado e os passes que rasgam retrancas são tão raros. Em todas as rodadas vemos gols e mais gols em falhas defensivas, em erros bizarros na saída de bola, numa espécie de curso rápido de como aliar, soberba, irresponsabilidade e incompetência.

Arrisca-se a jogada à frente da própria área, numa espécie de roleta-russa. E despreza-se a criatividade na zona de ataque, justamente onde deveria ser decisiva e estimulada. Mistérios do atual futebol! A inútil bola recuada na defesa conta na estatística como posse. Já o passe que deixaria o atacante na cara do gol, se interceptado, vira erro. Só mesmo os ‘professores’ para explicar…