O Vasco assinou, na última quinta-feira (14), a adesão ao protocolo “Ouviu um NÃO? Respeite a decisão”, que prevê uma série de ações e recomendações para tornar grandes eventos mais seguros para as mulheres. Assim, o clube, em parceria com a Secretaria Estadual da Mulher, ofereceu um treinamento para funcionários envolvidos na operação em dias de jogo.

Dessa forma, a primeira turma teve cerca de 50 mulheres que atuam na segurança e nos demais postos de atendimento ao público. O diálogo buscou treinar as funcionárias sobre como proceder na prevenção e no acolhimento de vítimas de violência, como agressões, assédio e importunação.

Vasco aderiu ao protocolo e promete tornar os jogos mais seguros para as mulheres – Foto: Leandro Amorim/Vasco

De acordo com a pesquisa “Violência Contra Mulheres e o Futebol”, idealizada pelo Instituto Avon e encomendada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os boletins de ocorrências de ameaça contra meninas e mulheres aumentam em 23,7% quando um dos times de futebol da cidade joga.

“A pesquisa demonstra que há uma relação entre jogos de futebol e aumento de registros de violência doméstica. Naturalmente, não estamos sugerindo que a causa seja o jogo de futebol, que é uma paixão nacional, mas que este pode funcionar como uma espécie de catalisador das desigualdades de poder entre homens e mulheres”, explicou Beatriz Accioly, coordenadora de Pesquisa e Impacto e de Enfrentamento às Violências contra Meninas e Mulheres do Instituto Avon.

Recentemente, uma torcedora denunciou assédio sofrido no jogo entre Vasco x Portuguesa, em São Januário. Segundo o relato, um outro torcedor teria Ane Ferreira na comemoração do terceiro gol da goleada por 4 a 0. Nesse sentido, o clube deu suporte para buscar mais informações sobre o ocorrido e ajudá-la, motivando a adesão ao novo protocolo.

Entenda o protocolo

O protocolo “Ouviu um NÃO? Respeite a decisão”, criado pela Secretaria de Estado da Mulher, inclui uma série de recomendações. Entre elas, estão o uso de iluminação adequada em estacionamentos e banheiros. Além da divulgação de canais de ajuda para mulheres em emergência e dicas de como os seguranças devem abordar e agir em casos de agressões e importunações.

O projeto também recomenda apresentar à vítima o aplicativo “Rede Mulher”. Baixado gratuitamente no celular, a ferramenta tem um botão de emergência que aciona eletronicamente o 190 da Polícia Militar, entre outras funcionalidades.

Conscientização: estar ciente dos desafios enfrentados pelas mulheres em eventos e da importância do atendimento diferenciado.

Atendimento pleno de atenção: a equipe deve priorizar o atendimento imediato, total atenção à vítima, demonstrando disponibilidade para ouvir, empatia e compreensão, sem julgamento ou preconceito.

Escuta ativa: demonstre interesse genuíno pelo relato da mulher.

Respeito às decisões da mulher: nunca force a vítima a fazer algo que ela não queira, como registrar uma ocorrência policial ou buscar atendimento médico. Ofereça informações sobre as opções disponíveis, mas deixe que ela decida o que é melhor para si.

Atendimento discreto e humanizado: garanta que o atendimento seja em um ambiente seguro, longe de olhares curiosos, e mantenha a confidencialidade das informações compartilhadas pela vítima. Evite comentários ou piadas inadequadas.

Atenção prioritária à pessoa agredida: em caso de agressão, ela deve receber a devida atenção. Em casos graves, ela não pode ser deixada sozinha, a não ser que queira.

Não focar no processo penal: nesse primeiro momento a vítima deve ser acolhida. Questões policiais e do processo penal devem ser tratadas pelas autoridades competentes.

Rejeição do agressor: jamais demonstre cumplicidade com o agressor, mesmo que seja apenas para diminuir o clima de tensão no momento da atuação.

Rigor nas informações: respeite a privacidade da pessoa agredida e a presunção de inocência do acusado. Repasse informações sobre o caso apenas às autoridades competentes.

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