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Vasco celebra 102 anos de Barbosa, maior goleiro da história do clube

Nesta segunda-feira (27/3), o maior goleiro da história do Vasco, Moacyr Barbosa, completaria 102 anos. O “Anjo Negro” fez parte do Expresso da Vitória, uma das gerações mais marcantes do clube e do futebol brasileiro. Com 431 partidas, ainda é o segundo jogador mais vitorioso pelo Cruz-Maltino, com 15 títulos conquistados.

Barbosa também é o sétimo atleta que mais vezes entrou em campo pelo clube de São Januário. Nos 13 anos em que defendeu a equipe carioca, obteve 282 vitórias. Aliás, é o goleiro com mais triunfos na história do clube da Colina.

Barbosa e o Expresso da Vitória rumo à excursão do Vasco – Arquivo Pessoal/Tereza Barbosa

Com exclusividade, o JOGADA10 conversou com Tereza Barbosa, filha de criação do ex-goleiro para trazer à tona momentos marcantes da carreira do terceiro maior goleiro brasileiro da história e 11º do mundo no século XX, segundo a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol.

Início de carreira e chegada ao Vasco

“Barbosa morava numa fazenda em Campinas, mas o pai dele faleceu. Então ele foi para São Paulo capital tentar nova vida e lá deu seus primeiros passos no time que se chamava “Almirante Tamandaré”. Ali o Vasco já estava presente na vida do meu pai, só que ele ainda não sabia. Dessa equipe, ele foi para o time do Laboratório Paulista, onde trabalhava”, detalhou Tereza.

“Depois, Barbosa foi para o Atlético Ypiranga, um time da capital paulista, onde se destacou, e o Corinthians o chamou para integrar a equipe. Mas o Ademir da Guia (zagueiro do Timão) o indicou para o Vasco. Em um primeiro momento, ele não queria sair de São Paulo, mas veio ao Rio para conhecer o clube e foi paixão à primeira vista”, acrescentou.

Alguns itens do Memorial de Barbosa – Arquivo Pessoal/Tereza Barbosa

Título do Sul-Americano de 1948

“Barbosa tinha muito orgulho de ser o primeiro campeão sul-americano de 48, que deu origem a Libertadores. Assim como de ter participado do ‘Expresso da Vitória’ que era formado por jogadores à altura do Vasco. Usava até a expressão ‘tanto me honra’ para falar sobre o assunto”, declarou.

“Uma curiosidade era que no período das derrotas, ele sentia falta do corvo (espécie de pássaro), porque era o símbolo daquela equipe que marcou época. Foram até Portugal buscar um, que acompanhava o Vasco”, pontuou.

Acolhimento do Vasco após a Copa de 1950

“O Vasco o ajudou chamando o de volta, saíram manchetes como ‘Barbosa, o homem que fez o Brasil chorar’, o clube poderia ter virado as costas, mas não. Ele foi fazer um retiro de 15 dias em um sítio no interior do Rio de Janeiro e depois retornou aos treinamentos”, revelou.

Outro trecho do Memorial com fotos do ‘Anjo Negro’, livros e manchetes de jornal – Arquivo Pessoal/Tereza Barbosa

Movimento para mudar a imagem do Barbosa

“Quando Barbosa ainda estava vivo, eu falava que precisávamos mudar esse estigma de 50. Ele saiu do Rio para viver no anonimato porque não aguentava mais carregar a culpa. Começamos a fazer palestras – fomos no programa do Jô – e também a ganhar dinheiro. Ele ficou muito feliz pelo efeito positivo e comecei a peneirar entrevistas”, afirmou.

“Quando falavam que queriam conversar com o Barbosa em relação ao ocorrido em 1950, eu dizia que deveriam priorizar as glórias e os títulos. O grande sonho dele era ser reconhecido como jogador na carteira profissional. Isso porque se você procurasse qualquer matéria nas buscas pela internet, dava a entender que ele era o vilão do vice-campeonato. Ou seja, não conheciam sua trajetória. Parecia que tinha caído na Seleção de paraquedas”, continuou.

Painel criado em homenagem a Barbosa em luta contra o racismo que o perseguiu na carreira – Arquivo Pessoal/Tereza Barbosa

“Ele foi eleito o terceiro maior goleiro brasileiro, algo que eu e a torcida vascaína não concordamos. Achamos que ele deveria ser o primeiro. Tenho um memorial do Barbosa muito simples na minha casa, dou palestras e conto para as crianças aonde quer que eu vá sobre a história dele para combater o racismo”, completou.

Além disso, Tereza iniciou uma ação para reforma do memorial de Barbosa por intermédio do Kickante. Caso haja o interesse em ajudar a causa, é só clicar aqui.

Ajuda do Vasco para valorização de Barbosa

“Iniciei uma campanha uns seis anos atrás, pedindo que o CT recebesse o nome do Barbosa. A torcida do Vasco, que eu amo, comprou a ideia, e o clube deu o nome dele a um dos campos de treino. Depois em votação para os torcedores, entre dez nomes de ídolos do Vasco para dar nome ao centro de treinamento, também escolheram o dele. Estive lá na inauguração, agradeci muito até porque minha missão é manter a memória do Barbosa há quase 30 anos”, comentou.

“Em seguida, com a ajuda do Zé Colmeia, a avenida que dá acesso ao CT mudou de Arroio para Moacyr Barbosa. Sou eternamente grata pelo Vasco reconhecer que ele faz parte da história. Aliás, não tem como separar a história dos dois”, finalizou.

Painel que valoriza carreira e feitos de Barbosa presentes no seu memorial – Arquivo Pessoal/Tereza Barbosa

Conquistas pelo Vasco e Seleção Brasileira

Ele foi hexacampeão carioca pelo clube de São Januário em 1945, 1947, 1949, 1950, 1952 e 1958 – os quatro primeiros de modo invicto. Ainda participou das campanhas triunfantes nas edições de 1945, 1946 e 1947 do Torneio Municipal, do Torneio Relâmpago de 1946, do Torneio Rio-São Paulo de 1958, do Torneio de Santiago do Chile e do Quadrangular Internacional do Rio, estes últimos em 1953.

O seu grande feito pelo Cruz-Maltino foi vencer a primeira edição do Campeonato Sul-Americano dos Campeões, em 1948, no Chile. Tal campeonato foi o precursor da Libertadores. Outra marca importante de Barbosa foi a conquista do Sul-Americano de Seleções (atual Copa América), em 1949, em São Januário.

Assim, o “Anjo Negro”, se tornou o primeiro goleiro negro a conquistar um grande título pela Seleção Brasileira. Ao lado de Ademir, Danilo, Augusto e Chico, outros integrantes do Expresso da Vitória, participou da melhor campanha da Seleção Canarinho como anfitrião. Em 1950, o Brasil foi vice-campeão mundial, e Barbosa, injustamente, foi considerado o grande vilão naquele episódio.

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Carlos Berbert

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