Vasco, em reconstrução, maltratou o Fla medíocre do Estadual

O Vasco fez com o Flamengo o que o rival mereceu, derrotá-lo de forma convincente, derrubando um martírio de 17 partidas sem vencê-lo, mostrando que é necessário levar os clássicos e o Estadual a sério, sem cantar vitória na véspera.

Com o resultado de 3 a 1, o Vasco não só voltou à briga pelo campeonato, como deu um passo importante para continuar montando uma nova equipe, enquanto o Flamengo, que realiza uma competição medíocre, peca em excesso com a obsessão cansativa e absurda pela Libertadores. A goleada mostrou ainda que esse papo de “muita qualidade na base” – como muitos apregoam exageradamente – é conversa fiada, no aspecto geral, quando se vê que o duelo foi decidido pelos veteranos.

Difícil afirmar se o Vasco tinha por objetivo, quando a bola rolou, jogar recuado, explorando os contra-ataques. Mas é fato que o time ganhou um gol logo aos cinco minutos, com Léo Matos, de cabeça, em escanteio, e adotou a tal estratégia, deixando o adversário amarrado. O Flamengo, na prática, e a exemplo das partidas anteriores do Rubro-Negro, no Estadual, teve a posse da bola, embora, ao contrário do que também fazia, não conseguiu criar nenhuma oportunidade.

O Vasco levou ao extremo a proposta tática. Marcou pela segunda vez, com German Cano, aproveitando o tradicional espaço que a zaga, em linha, oferece, e não abriu mão da marcação exemplar, que tornou o adversário uma equipe de centenas de passes sem qualquer utilidade. O maior problema do time de São Januário é dar. Vez por outra, demonstrações de valentia absolutamente desnecessárias, tanto que recebeu três amarelos em um período de 10 minutos.

Na realidade, o Vasco só perderia o duelo se cometesse uma quantidade razoável de erros, pois o Flamengo, até ali, não estava jogando nada. Melhor, para os cruz-maltinos: no intervalo, Rogério Ceni trocou Isla e Gomes, dois jogadores sem voz, por respectivamente Matheus França e Vitinho, o que não seria suficiente, longe disso, para dar alguma esperança aos rubro-negros.

A equipe da Gávea voltou para a etapa derradeira mais ligada, e de São Januário excessivamente recuada, embora própria história centenária do futebol mostre que em placar tão adverso é necessário marcar logo pelo menos um gol para mudar efetivamente o quadro. E isso não ocorreu. Um chute de Vitinho na trave e uma cabeçada de Bruno Henrique na pequena área, para grande defesa de Lucão, não foram o bastante para ameaçar.

Aliás, para deixar evidente que o Vasco cresceu em relação à temporada 2020, e que o Flamengo só tem o time titular, pois o reserva é um catadão sem atletas com capacidade para decidir, Marcelo Cabo não precisou de mudança radical, enquanto Rogério Ceni olhava para o banco e não sabia o que fazer.

Quando Rodrigo Muniz entrou, com meia hora do segundo tempo, a possibilidade de alguma transformação acaba, tanto que logo em seguida Morato meteu 3 a 0, enquanto o catadão – aquele grupo que chamam de time alternativo – ficou praticamente todo longe do campo.

Daqui em diante, o Vasco terá que evitar o entusiasmo. E o Flamengo, rever conceitos. Ah… Vitinho fez um gol. Mas isso, dentro do cenário, não teve a menor importância.