O Vasco irá solicitar a anulação da partida em que perdeu por 2 a 0 para o Internacional neste domingo, em São Januário. O departamento jurídico do clube se prepara para entregar um ofício à CBF e ajuizar na terça-feira, 48 horas após a partida, uma ação junto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, alegando que o programa do VAR que analisa as linhas de impedimento não funcionou no primeiro gol do Colorado e foi validada a decisão de campo do árbitro Flavio Rodrigues de Souza.

Em meio à polêmica do VAR, vascaínos e colorados fizeram uma partida muito disputada em São Januário – Ricardo Duarte/SC Internacional

A arbitragem seguiu o protocolo que diz que, em caso de falha do VAR, a decisão de campo deve ser mantida. De acordo com o documento oficial para implementação em competições oficiais do árbitro de vídeo, uma partida não pode ser invalidada devido a:

– Defeito (s) na tecnologia do VAR (inclusive na tecnologia da linha de gol – GLT); decisão errada envolvendo o VAR (dado que o VAR é um membro da arbitragem); decisão de não revisar um incidente; revisão de uma situação não revisável.

Na súmula, publicada oficialmente no site da CBF, Flávio Rodrigues de Souza não relatou a jogada polêmica, tampouco a falha técnica no equipamento. No espaço destinado para “observações especiais”, o árbitro escreveu que “nada houve de anormal”. O documento deve ser entregue à confederação depois do jogo com os relatos de todos os atos ocorridos no confronto.

O diretor de futebol, Alexandre Pássaro, protestou em pronunciamento antes da coletiva de imprensa do treinador Vanderlei Luxemburgo.

“Cansado sobre esse ponto da arbitragem”, desabafou.

Em suas palavras iniciais, Pássaro elogiou o presidente da CBF Rogério Caboclo, o secretário da CBF Walter Feldmann e o diretor de competições Manoel Flores, por terem colocado o VAR em todos as partidas da Série A. Em seguida, fez duras críticas à arbitragem, sobretudo na jogada em que o VAR apresentou problema.

“Temos um problema nesse campeonato que é o VAR, e o que aconteceu hoje é inadmissível. Estávamos no vestiário, e quando saímos para o jogo o pessoal da Vasco TV me avisou que pediram para eles tirarem a câmera que fica à beira do gramado, porque ela poderia captar uma imagem que pudesse depois desmentir o VAR. Foi inédito, a gente resistiu e não foi atendido. Não sabíamos o motivo disso, mas muito provavelmente é porque a CBF sabia que a linha de impedimento estava descalibrada”, explicou.

Em seu pronunciamento, Pássaro continuou dando detalhes sobre a polêmica criada pela falta do uso da tecnologia para a revisão da jogada do gol de Rodrigo Dourado, aos nove minutos do primeiro tempo.

“No primeiro tempo acontece o lance do Dourado, que, nas imagens que a gente teve agora, não conseguimos ter certeza se teve impedimento ou não. O Gaciba disse em entrevista que a linha veio para acabar com a injustiça no futebol. No jogo entre Atlético-MG e São Paulo no primeiro turno, a linha errou em anular um gol do São Paulo. A comissão de arbitragem divulgou isso tempo depois mostrando que a linha era passível de falha. E hoje o que foi nos passado é que a linha estava descalibrada e prevaleceu a decisão do campo. Ou se tem o VAR para todo mundo em todos os lances ou não se tem o VAR. O que aconteceu foi um absurdo. Se a linha não estava calibrada, paralisasse a partida até isso ser checado. Como a gente volta no tempo para definir o que aconteceu naquele lance? Poderia ter sido o Inter o prejudicado, mas quem sai prejudicado é o futebol brasileiro, quem faz de tudo pra entregar um campeonato enquanto as decisões e o jeito que se conduz a arbitragem brasileiro faz de tudo para destruí-lo. A única justificativa da CBF é que o Gaciba vai se pronunciar. Um pronunciamento que em nada contribui. A sala do VAR é ao lado da nossa, antes de vir pra cá a porta se abriu e eu vi que eles estavam no lance traçando a linha no computador. Vamos ver as imagens e ouvir as gravações na CBF e, dentro de 48 horas, vamos entrar com o pedido de anulação da partida no STJD para apurar o que aconteceu. Independentemente de estar impedido ou não, o que não pode é alterar as regras. O árbitro do jogo falou para o Luxemburgo que vai ver em casa se ele acertou ou errou”, completou Pássaro.

Leia o ofício do Vasco na íntegra

“De acordo com as normas aplicáveis ao VAR e previstas nas Regras de Futebol 2020/21 da CBF, nos jogos em que o VAR é utilizado pela arbitragem, o “VAR automaticamente deve “checar” as imagens gravadas das câmeras de TV, em todo possível ou real gol, pênalti ou decisão/incidente de cartão vermelho direto, ou em caso de identificação equivocada, utilizando diferentes ângulos de câmeras e velocidades de replay” (p. 151).

No entanto, não foi isso que se viu no jogo Vasco x Internacional, quando o Vasco foi claramente prejudicado – novamente, diga-se de passagem – pelo VAR. Dessa vez, sistema do VAR deixou de funcionar justamente no momento da checagem do gol do Internacional, cujo autor estava claramente em posição de impedimento, como demonstrando por diversos ângulos pelas câmeras de televisão.

Essa inadmissível falha do VAR feriu de morte a lisura da partida, tornando-a anulável. Por isso, requeremos a anulação da partida Vasco x Internacional ocorrida em 14/02/2020, com a consequente remarcação da partida em nova data e com um VAR em pleno funcionamento.”

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