O Vasco voltou do estádio do Morumbi com um ponto na bagagem após o empate em 1 a 1 diante de um São Paulo embalado por uma sequência de vitórias. O resultado foi o suficiente para manter a equipe do técnico Ricardo Sá Pinto fora da zona de rebaixamento até esta segunda-feira quando o Atlético-GO, rival direto na tabela, visita o Sport, no Recife.

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Germán Cano finaliza cruzado para balançar a rede são-paulina (Rafael Ribeiro/Vasco)

Apesar da colocação incômoda na classificação, o desempenho contra a equipe de melhor aproveitamento no campeonato é um sinal de que o comandante português parece ter encontrado o rumo certo para a nau vascaína. O elenco, mesmo limitado, mostra que tem assimilado a filosofia tática de seu treinador. Em mais uma atuação no esquema com três zagueiros, o que se viu foi um time muito bem posicionado na marcação – chegando a formar uma linha de cinco jogadores – e organizado e objetivo quando tinha a bola.

É verdade que o Vasco não conseguiu segurar por muito tempo a vantagem construída com o gol de Cano. Mas o saldo pode ser considerado positivo, até mesmo em razão de nove desfalques para esse duelo, em razão da Covid-19. Um deles foi Fernando Miguel. O experiente goleiro precisou dar lugar a Lucão, um dos destaques do jogo. Cria da base, o jovem não teve culpa no gol de Luciano e mostrou segurança com boas defesas quando exigido. E logo em sua primeira partida no Brasileiro, a segunda no profissional.

Não fosse o lance que resultou no empate tricolor – falha individual de Jadson na saída de bola pela direita -, a trinca de zaga teria passado ilesa no Morumbi. Contra um adversário que nos últimos jogos se destacou pela ofensividade – com direito a nove gols anotados em três partidas diante do Flamengo, considerado ainda o elenco mais qualificado do Brasil -, o Vasco reconheceu que ficar sem a bola seria a melhor alternativa e, povoando o meio-campo, aceitou a pressão imposta pelos são-paulinos. Mesmo que a estratégia no segundo tempo tenha permitido que a partida se transformasse em ataque contra defesa, os tricolores não tiveram liberdade para trocar passes devido à marcação em bloco vascaína, que “mordia” a cada investida adversária.

“Fizemos um grande jogo tático, muito inteligente. A alma de jogar como Vasco, equipe lutadora, unida, mentalidade vencedora. Pressionou o São Paulo na casa dele. O resultado é aceitável, mas o São Paulo não pode dizer que merece mais. O gol deles caiu do céu. Tivemos uma infelicidade. Merecíamos estar a ganhar. Aceito que tenha mais posse de bola, mas demos a bola. Reconhecemos a qualidade deles. É superior a nós. Jogamos com a força que podemos jogar”, afirmou Ricardo Sá Pinto.

O setor de criação é o Calcanhar de Aquiles deste time. Reconhecidamente o ponto mais fraco, principalmente quando Benítez não joga, teve nos atacantes de velocidade – Vinícius, pela ponta esquerda e Gustavo Torres, na direita –, em especial no primeiro tempo, a eficiência necessária para explorar os contra-ataques. Autor do preciso lançamento que resultou no gol de Cano, o substituto de Talles Magno foi um desafogo para o argentino que, acostumado a atuar isolado no ataque, recuou para buscar a bola. Foi exatamente em uma jogada originada por Cano que, por pouco, Torres não anotou o segundo gol do Cruz-Maltino. Do meio-campo, o artilheiro lançou para Yago Pikachu, que cruzou para Torres finalizar.

Com o desempenho satisfatório no esquema de três zagueiros nas últimas partidas e o comprometimento dos homens de meio e de frente na recomposição defensiva, o grande desafio de Sá Pinto será tornar a equipe mais agressiva. Em função do meio-campo recheado de jogadores, a equipe sempre chega em menor número ao campo adversário, facilitando a vida dos defensores rivais.

Sá Pinto tem sido bastante sincero em seu discurso e reconhece que o sofrimento será companheiro do Vasco até o final do Brasileiro. No entanto, se o comportamento da equipe nos dois jogos fora de casa (contra Sport e São Paulo) neste segundo turno se repetir nas próximas rodadas, o Vasco – apesar de suas limitações – poderá enxergar luz no fim do túnel e emendar uma sequência de bons resultados para respirar mais aliviado na classificação.

 

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