O Vasco volta a vencer em momento importante. Fora de casa, fez 2 a 0 em cima do Sport. E a confiança volta, especificamente, para o jogador mais decisivo de uma equipe sem estrelas: Cano. Ele fez os dois. Ambos daquele jeito de goleador mesmo, de quem tem real noção da grande área. No primeiro, a antecipação sagaz ao zagueiro no cruzamento de Gil e o toque único que desvia a trajetória da bola e solta o grito preso do torcedor. Gol.

No segundo, nada de antecipação, mas visão de onde a bola vai parar, o posicionamento por trás do zagueiro, a disposição para se jogar e, uma vez mais, um único toque. O grito. Gol.

A Colina Histórica já viu muitos dos maiores atacantes do Brasil. Romário, Edmundo, Roberto Dinamite, Ademir de Menezes. Tem escrita. Cano não se esconde e tem uma característica argentina que tem tudo a ver com o torcedor vascaíno, a raça, a garra. Como um leão.

A saber, eram nove jogos sem sentir o gosto da vitória. Sim, é muita coisa… Vasco novamente na zona de rebaixamento. Um time que tinha grande força e respeito, principalmente com as tantas conquistas dos anos 90 até o início dos anos 2000, hoje, é motivo de chacota. A graça é fazer piada das derrotas.

No Brasileirão 2020, o time ainda começou dando esperança para o torcedor. Alguns bons jogos e uma liderança do campeonato. Era difícil não perceber que aquilo não duraria muito. Há times muito melhores. Porém, isso nem sempre quer dizer tanto assim.

Técnico português começa a ajeitar o time cruz-maltino nesta edição do Campeonato Brasileiro – Rafael Ribeiro / Vasco

Bacalhau à Sá

O técnico Sá Pinto tenta dar uma consistência maior à defesa vascaína e mostra um trabalho razoável mesmo com pouco tempo. Em Portugal, muitos desses técnicos estão acostumados a dirigir times que também não têm grandes jogadores, ou seja, precisam se virar. Não é bem o caso do treinador vascaíno. Afinal, ele tem um histórico de bons trabalhos com equipes que não andavam muito bem das pernas. Sua carreira começou apenas em 2010, e ele tem conseguido bons resultados.

“Foi importante ganhar, mas mais importante é aquilo que digo. É saber por que se ganha e por que não se ganha. Nossa semana de trabalho, costumo consolidar o que temos de bom e melhoro o que temos de melhorar nos momentos do jogo. Vamos evoluindo. Agora, não é fácil passar uma ideia de jogo em três semanas. Minha ideia era fazer os jogadores ficarem confortáveis nas posições”, declara Sá Pinto.

O treinador está tentando colocar um azeite português nas juntas enferrujadas de um time que é claramente limitado.

Contudo, outra boa notícia é Léo Matos na lateral direita. É perceptível que sua experiência internacional faz diferença e ele ainda tem muito a oferecer.

Sá, quando era jogador do Sporting, era chamado de “Ricardo Coração de Leão”. Para levar o Vasco de volta ao topo, de volta ao seu lugar, a equipe precisa ter essa garra, essa entrega. Cada jogador necessita incorporar um leão em campo.

A próxima partida será contra o Fortaleza, na quinta-feira, às 19h, em São Januário. Que o torcedor possa ver leões tatuados com a cruz de malta em campo afastando todo o mal da Colina Histórica.

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