Na última quinta-feira, o Botafogo oficializou a venda da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) para o empresário norte-americano John Textor e ao que tudo indica, o Vasco está próximo de seguir pelo mesmo caminho. Na semana passada, o Conselho Deliberativo do Cruz-Maltino aprovou um empréstimo-ponte de R$ 70 milhões, da 777 Partners, que deve cair nos cofres do clube nesta sexta-feira. A empresa norte-americana está disposta a adquirir o futebol do Vasco. Essa possibilidade criou esperança para muitos, mas desconfiança para poucos, que acham o valor proposto pela 777 Partners muito inferior ao que o Gigante da Colina realmente vale. Mas de quanto estamos falando?

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A proposta da 777 Partners prevê a compra de 70% da SAF por R$ 700 milhões e, independentemente desse investimento, se compromete a pagar até 700 milhões da dívida, quase o total, já que no último Demonstrativo Financeiro, divulgado pelo clube em dezembro do ano passado, o montante era de R$ 723 milhões. Portanto, a empresa está disposta a desembolsar R$ 1,4 bilhões, que seriam divididos igualmente, para resolver o passado e pavimentar o futuro.

Josh Wander com a bandeira do Genoa, da Itália, clube que pertence a empresa 777 Partners, na qual ele é sócio-fundador – Getty Images

A 777 Partners se comprometeu a montar um time forte, gastando o mesmo que os clubes de ponta no Brasil investem em seus elencos. Além disso, o montante prevê melhorias na infraestrutura do futebol. Esse tema foi amplamente debatido. Mas e as dívidas? Como serão abatidas? O Jogada10 foi atrás dessas explicações e conseguiu informações de como vai funcionar a dinâmica dessa operação, que pode render dinheiro aos cofres do clube, muito além da venda dos ativos.

Por que até R$ 700 milhões?

Com o dinheiro na mão, será possível negociar as dívidas e a tendência é de que se obtenha descontos com os credores. No entanto, como não se sabe ao certo quanto seria o abatimento, o acordo entre 777 Partners e Vasco coloca um teto de até R$ 700 milhões para o pagamento das dívidas.

Como o Vasco pode lucrar?

Os descontos no pagamento de dívidas renderia um superávit contábil ao longo dos anos para a Vasco SAF, que se transformariam em possíveis ganhos, já que diminuiriam o passivo assumido de pagar até R$ 700 milhões de dívidas. Esses ganhos acabariam se revertendo em lucro, impactando na distribuição de dividendos, fato que geraria receitas para o clube. Vale destacar que o Club de Regatas Vasco da Gama será um acionista da Vasco SAF, com participação de 30% sobre os lucros da empresa.

A dívida e como o desconto pode ser obtido?

De toda a arrecadação mensal, 20% será destinado para o Regime Centralizado de Execução (RCE), que é um plano de pagamento para os credores cíveis e trabalhistas do clube, acordo homologado e em vigor na Justiça. Esse montante gira em torno de R$ 220 milhões e o prazo inicial para pagar esse valor é de seis anos, podendo ser ampliado para mais quatro anos, desde que 60% da dívida esteja quitada. Vale destacar que a lei da SAF dá a preferência por pagamento para os credores que aceitam dar até 30% de desconto. Isso vai gerar diminuição do passivo que pode ser assumido pela 777 Partners.

Art. 17. No Regime Centralizado de Execuções, consideram-se credores preferenciais, para ordenação do pagamento:
VI – credores com os quais haja acordo que preveja redução da dívida original em pelo menos 30% (trinta por cento).

Já a dívida com instituições financeiras é de cerca de R$ 284 milhões. A ideia é pagar adiantado para buscar descontos, evitar os juros e liberar o fluxo de receitas que foram comprometidas com antecipações. Estima-se que com as negociações, esse montante possa ser diminuído consideravelmente.

Quanto a dívida fiscal, o Vasco deve algo em torno de R$ 219 milhões, após o acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), celebrado no final do ano passado. Esse montante será pago separadamente, R$ 153 milhões em um prazo de 10 anos, e o restante em cinco anos. A tendência é de que o combinado seja mantido, tendo em vista que as parcelas estariam dentro das despesas.

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