O mundo do futebol é cheio de preconceitos. Por isso, sempre foi conhecido, também, pelo machismo e a alimentação voltada para as carnes. Entretanto, vem crescendo entre muitos atletas do futebol um outro tipo de alimentação que preza pelo meio ambiente: o veganismo. A princípio, um dos melhores jogadores de futebol do mundo, o craque argentino Lionel Messi já afirmou que dá preferência a uma dieta vegetal, em especial durante a temporada de partidas (durante 11 meses do ano!).

Por quê? Em 2018, o craque sofria constantemente com dores de estômago e vômitos durante os jogos. Seu médico deu a sugestão de que ele mudasse sua alimentação. O veganismo apareceu e o resultado foi o fim das dores. Além disso, ele já disse sentir que seu desempenho é bem melhor assim. Ou seja, o maior craque argentino depois de Maradona não é totalmente contra as carnes, mas deixa de comer a maior parte do tempo para melhorar o desempenho esportivo.

O centroavante argentino Agüero mudou sua dieta – Paul Ellis / AFP

E, apesar de a Argentina ser famosa por seu amor pelas carnes, tem outro grande jogador que optou por uma dieta diferente: o centroavante Sergio Agüero. Logo cortou as carnes, massas e açúcares. Desde 2015, o maior artilheiro da história do Manchester City segue firme e feliz com o vegetarianismo. Inclusive, é outro que deu declarações sobre a melhora no desempenho.

E a proteína, professor?

O pessoal do vegetarianismo e veganismo ouve sempre a mesma pergunta:  E a proteína? Contudo, cada vez mais atletas se aprofundam na questão e aprendem que diversos alimentos vegetais são mais ricos em proteínas do que as carnes. Por exemplo, em 2019, um estudo alemão trouxe mais informações sobre essa escolha ao demonstrar que atletas que possuíam uma alimentação focada em vegetais e a devida suplementação da vitamina B12 tinham uma nutrição melhor do que aqueles que comiam carne. O estudo saiu na revista especializada “Nutrients”.

O volante colombiano Sebástian Pérez, ex-Boca Junior e atualmente no Boa Vista FC, não come nada de origem animal e escolheu o veganismo como estilo de vida. Ele sabe que feijões e lentilhas podem ter mais proteína que frango e carne vermelha e que o espinafre tem mais ferro do que a carne vermelha. Porém, ele só decidiu por esse caminho após o rompimento dos ligamentos cruzados do joelho esquerdo, em 2017. Inclusive, ele sofreu preconceito na Argentina por ser vegano, algo, infelizmente, muito comum. O país, segundo pesquisa da revista ”Forbes”, em 2015, é o quarto que mais consome carne bovina no mundo. Fica atrás somente de Austrália, Estados Unidos e Israel. O Brasil é o sexto.

Pé de PETA

Serge Gnabry,  ponta do Bayern de Munique, é mais um que conheceu o veganismo após conversar com amigos e ver documentários sobre o que acontece com os animais. Mas, às vezes, ainda come carne. Na Europa, há veganos estritos como os ingleses Jack Wilshere e Jermain Defoe, Fabian Delph, e o espanhol Héctor Bellerín. O inglês Chris Smalling joga pela Roma, e os companheiros de equipe pegam no seu pé por causa de seu veganismo. Ele segue firme e, quando jogava no Manchester United, chegou a participar de uma campanha da PETA, uma organização não-governamental fundada em 1980, que se dedica aos direitos animais e ao meio ambiente.

Veganismo no futebol
Campanha da PETA pelo veganismo no futebol – Divulgação: PETA

Força Vegan

E esse negócio de craque não comer carne não é tão novo quanto parece. Stanley Matthews, que disputou as Copas de 1950 e 1954, foi o primeiro inglês a ganhar a Bola de Ouro, em 1956. Ele era adepto do vegetarianismo.

Calma que tem mais. A estadunidense Alex Morgan, nada mais, nada menos do que uma das maiores jogadoras de futebol da história, vencedora da Copa do Mundo de 2019, é vegana. Ela já deixou claro que isso a fortalece e ajuda para melhorar com mais rapidez da fadiga muscular.

Alex Morgan, jogadora de futebol vegana
A americana Alex Morgan sempre fala a favor do veganismo – Reprodução Instagram

De acordo com a Harvard Medical School, há um outro fator que interessa muito aos atletas que optam por uma dieta longe do consumo de carne vermelha: as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias das plantas têm o poder de reduzir o tempo de recuperação e possibilita uma cicatrização mais ágil de lesões. Ademais, ainda melhora a viscosidade do sangue, auxiliando no fornecimento de oxigênio de uma forma mais eficiente para todo o corpo. Certamente, tais fatores acabam contribuindo para que a carreira esportiva dure mais, com qualidade e um amor pelos animais.

Por falar nisso, o Dia Internacional dos Direitos dos Animais foi comemorado no dia 10 de dezembro. Visa a conscientizar sobre os bilhões de animais explorados e mortos no mundo e trazer luz para a necessidade de respeitá-los.

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