Carlos Alberto Vieira
A torcida do Flamengo, seja por meio de chamadas nas redes sociais ou por morar próximo do Maracanã, fez uma grande aglomeração, mesmo com a tarde chuvosa, para esperar a chegada do ônibus com a delegação ao estádio. Foram cerca de 4 mil rubro-negros, pelo menos 80% não usando máscara, que se juntaram na Radial Oeste, onde fica a entrada dos ônibus dos clubes e na rampa da Uerj, que liga as estações do Metrô e dos trens da Central ao estádio.
Os rubro-negros estavam muito animados. Membros de organizadas levaram bandeiras, outros estavam com sinalizadores, e bradavam a plenos pulmões todas as músicas que cantam nos estádios. E havia espaço para zoar o maior rival..
“Arerê, o Vasco vai jogar a Série B”.
Para ter uma visão melhor, tinha gente em cima de semáforo, placa de sinalização e até na cerca que separa o canteiro central da avenida, que virou uma ¨geral improvisada”.
Os ambulantes também aproveitavam. Muitos vendendo cervejas e refrigerantes. Um deles tentava desafogar suas camisas não oficiais a R$50. Na Rampa da Uerj um senhor vendia máscaras com o escudo do Flamengo a R$ 10.
“Acho que vai dar para tirar algum. Se o tempo ajudar e o ônibus demorar para chegar”, dizia, olhando para as nuvens (a chuva vinha e voltava).
Numa multidão sem máscara, Lucas Bayer acompanhava do alto da rampa toda a movimentação. Morador do Maracanã, ele estava ao lado do pai. Muito confiante num bom resultado, ele não se surpreendeu com a multidão.
– A galera sempre está aí para prestigiar. E tem motivos. O Flamengo tem muito mais equipe do que o Internacional e se vencer assume a liderança do campeonato faltando uma rodada para o final.
Quando o ônibus chegou, a catarse. Corre-corre, dezenas de torcedores pulando na viatura, se agarrando na porta, os sinalizadores soltando um fumaceiro que quase escondia o ônibus, o micro-ônibus de apoio e os batedores, enquanto a torcida cantava o hino do clube e a canção mais popular que embala o time desde a era Zico (ah Meu Mengão, eu gosto de você).
Passou o ônibus e vimos quase uma reedição do fim da festa que ocorreu em 2019 quando o Flamengo desfilou na Avenida Presidente Vargas após o título da Libertadores. Usando spray de pimenta, dispersou em um minuto toda a multidão aglomerada. Corre-corre, alguns tropeções sem gravidade, mas muita reclamação.
“Isso é um absurdo”, reclamava uma esbaforida torcedora já longe da confusão. E a multidão dispersa tratou de fazer a segunda etapa do seu apoio: arranjar um lugar com TV para acompanhar o jogo decisivo.
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