Vítor Pereira e a indefinição sobre renovação contratual: “Estamos a discutir as coisas”

Clima é de de indefinição no Corinthians. Na noite deste sábado, após a vitória por 1 a 0 contra o Santos, o treinador Vítor Pereira mostrou que ainda não sabe se seguirá no comando do time em 2023. Durante a coletiva após a vitória, o técnico afirmou que teve uma primeira conversa com o presidente Duílio Monteiro Alves, mas nenhuma decisão foi tomada até o momento, e o contrato de Vítor Pereira com o Corinthians termina no fim deste ano.

“Sobre a minha permanência, já me sentei com o presidente, estamos a discutir as coisas, vamos ver, mas ele que vai se pronunciar, ele que é o presidente, ele que está à frente do clube, não é o treinador que tem que chegar aqui e dizer que vai continuar ou não”, disse o treinador.

‘Família é família’

Por parte de Vítor Pereira há o desejo de continuar no clube, mas o treinador também falou sobre questões pessoais, que podem interferir nas negociações.

“Não há decisão nenhuma, há início de conversas, ele já percebeu o que se passa. Eu tenho vontade… É um clube, uma torcida, mas tem muito a ver com uma questão pessoal que eu tenho que equacionar muito bem, a vida não é só futebol”, explicou o treinador.

O bem-estar da família é uma das preocupações do treinador, que quer tomar a decisão mais assertiva para não prejudicar sua carreira e seus principais apoiadores.

“A questão familiar para mim é fundamental, não posso deixar mal minha família para eu ser feliz. Tem que haver um… Se eu ficar, tenho que sentir que eles estão bem. Se eu não sentir isso, me perdoem todos, mas eu vou. Essa situação não é uma coisa simples, é uma situação pesada”, disse Vítor Pereira.

Bastidores

Abrindo o coração, o treinador revelou suas conversas nos bastidores alinhadas com os objetivos do clube. Para Vítor Pereira, estabelecer o equilíbrio entre família e trabalho é fundamental para que as metas sejam atingidas com todos empenhados, incluindo os dirigentes.

“Converso sempre com Duílio, Alessandro e Roberto, pessoas que estão com muita vontade de criar um projeto ambicioso, que nos permita lutar por títulos. O clube está nessa vontade de que se crie, que se vá buscar dois ou três ou quatro jogadores que tornem a equipe mais forte, continue crescer e lutar por títulos. O que está em causa é uma questão familiar que é séria, não vou ficar aqui a contar da minha vida. É uma questão séria, tenho que sentir se aqui ele vão estar bem. Se eles não estiverem bem, não vale a pena ficar aqui, porque não vou ficar de corpo e alma. Vou me sentir egoísta. Eu não sou assim, sou cuidador das pessoas que estão ao redor, família é família”, explicou.

Família

O treinador também levou a questão familiar para a comissão técnica, afirmando que a dedicação total ao esporte acaba prejudicando o convívio em casa, e comentou sobre períodos em que ficou afastado dos filhos. Mas deixou claro que o Corinthians é um time “de emoções fortes”, que é o ambiente onde ele quer estar.

“Não é uma situação só minha, todos têm filhos pequenos, o Felipe (Almeida, auxiliar) só tem um filho, que nasceu agora. Está há meses e meses sem ver o bebê, os outros também têm filhos pequenos. Ser treinador é uma coisa maravilhosa, mas a família vai ficando para trás. Nos últimos 12 anos, eu não vi meus filhos, não acompanhei o crescimento deles, é uma fatura que as pessoas não conseguem entender. Eu perdi uma fase da vida deles completamente, não consigo estar no meio da conversa deles, não sei o que estão a falar. Mas esse clube tem me dado muitas emoções, eu gosto muito de emoções fortes, estou no lugar das emoções fortes”, disse o treinador.

Brasileiro é mais difícil do que Vítor imaginava

Vítor Pereira garantiu que o nível do Campeonato Brasileiro é difícil e comentou sobre o fortalecimento da equipe para lidar com a diferença dos outros times que disputam a competição, além de frisar que o torneio é muito exigente, o que faz com que os times tenham que se reinventar para as partidas.

“Relativamente ao campeonato, aí sim, muito mais difícil. Já imaginava um campeonato difícil, quando cheguei tive humildade de dizer que não via muito, só via o Campeonato Brasileiro para descobrir jogadores. Nunca percebi à fundo as equipes, em termos táticos e técnicos. Pensei que ia encontrar um campeonato menos difícil, acho esse campeonato muito difícil. Pelo calendário, temperatura, diferença de uma equipe para outra. Enfrentar o Santos é completamente diferente de enfrentar o Flamengo. É um campeonato em exigência muito grande. Daqui a quatro dias temos um adversário completamente diferente, que nos obriga a mudar muitas coisas. É um campeonato muito exigente. Confesso que me surpreendeu, pensei que era um bocadinho mais fácil”, comentou o treinador.

Títulos

Na questão da disputa por títulos, que é um desejo de todos os clubes, o treinador observou que a equipe do Corinthians é forte e vem crescendo, porém passou por períodos complicados de lesões.

“Eu quero estar em campeonatos que me obriguem a crescer, tem que estar preparado para isso. Quero ter argumentos para discutir títulos. Não vou perder o meu tempo. Gosto de estar em equipes que me permitam competir. Nossa equipe está crescendo, tivemos um período de muitas lesões, que não nos permitiu jogar num nível que eu gostaria. Estamos chegando num nível que já conseguimos mudar taticamente quando precisamos. A equipe está a crescer, os miúdos vão crescer… A decisão não está tomada, é preciso pensar bem as coisas”, concluiu.

Após a vitória por 1 a 0 sobre o Santos, o próximo compromisso do Corinthians pelo Campeonato Brasileiro é contra o Fluminense, que acontece na próxima quarta-feira (26/10), na Neo Química Arena, às 21h45, pela 34ª rodada da competição.