Mais problemas para a 777 Partners à vista. Nesta quarta-feira (12), a Justiça americana derrubou o sigilo de um balanço financeiro da empresa, que comprou 70% das ações da SAF do Vasco. O Jogada10 teve acesso ao documento (inicialmente divulgado pelo jornalista Tiago Leifert), que data de setembro de 2022, ou seja, da época em que o clube carioca fazia a transição para a Sociedade Anônima do Futebol.

A diretoria do Cruz-Maltino entende, então, que os valores apresentados no arquivo dão indícios de que a empresa já vivia processo de insolvência à época em que comprou parte da SAF vascaína. O documento se refere a um dos processos que a 777 sofre na Justiça dos EUA – este, realizado pela “Change Lending”, empresa credora hipotecária licenciada pelo Estado. O vice-presidente jurídico do clube, Felipe Carregal, explica a situação.

“A 777 tentou, de todas as formas, manter esse documento em sigilo no processo movido pela Change (Lending). Agora entendemos o motivo. Estamos olhando para os demonstrativos financeiros apresentados pela própria 777 em setembro de 2022. Está muito claro que a 777 tinha, à época, um patrimônio líquido negativo. Ou seja, mais obrigações do que ativos. São indícios evidentes de insolvência. Pior, está retratado um prejuízo considerável nos 12 meses anteriores ao balanço, o que corrobora a tese de que, além de insolvente, a 777 estava praticamente falida. Isso em 2022”, declarou o VP inicialmente ao UOL e depois ao J10.

Batata da 777 Partners, sócia da SAF do Vasco, segue assando – Foto: Leandro Amorim/CRVG

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Documento aponta os ativos (assets) e passivos (liabilities) da 777 Partners em 2022 – Foto: Reprodução

Documento aponta prejuízo

O documento informa que os ativos (assets) da 777 eram de 8,8 bilhões de dólares (R$ 47,5 bilhões, no câmbio atual), enquanto os passivos (liabilities) eram de 8,9 bilhões de dólares (R$ 47,97 bilhões). Ou seja, havia uma diferença negativa de 86,5 milhões de dólares (R$ 466,5 milhões) na conta da empresa.

Além disso, o demonstrativo aponta um prejuízo na ordem de US$ 589 milhões (R$ 3,1 bilhões) na operação. Felipe Carregal salienta tal volume e explica que esse pode ter sido o motivo para os pedidos de empréstimos feito pela 777 à SAF do Vasco.

“É um prejuízo de mais de R$ 3 bilhões, isso antes da Vasco SAF. E com um patrimônio líquido negativo superior a R$ 500 milhões. Foi nesse cenário que a 777 adquiriu 70% do futebol do Vasco por R$ 700 milhões – em dívidas. Isso explica, por exemplo, o empréstimo feito pela Vasco SAF para uma das sociedades da 777 no primeiro aporte e a tentativa de outro empréstimo no segundo aporte, o que só não ocorreu por resistência do Conselho Fiscal. Explica, também, a falta de investimentos em estrutura, apesar da obrigação contratual, e o não enfrentamento da dívida absorvida pela Vasco SAF”, finalizou Carregal.

A 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu via medida cautelar, no dia 15 de maio, os efeitos do contrato de venda da SAF à 777 Partners. Dessa forma, o comando do futebol voltou para as mãos do clube associativo, que é presidido por Pedrinho.

Enquanto busca um comprador para vender os 31% já integralizados (dos 70%), a 777 aguarda, também, a arbitragem, a ser mediada pela Fundação Getúlio Vargas. Nela, haverá a tentativa da resolução do conflito entre as partes, mas ainda não há data programada para acontecer.

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