Com a goleada do Vasco sobre o Coritiba, São Januário viveu uma noite especial no retorno da torcida ao estádio, após três meses de interdição judicial. Em campo, os jogadores vestiram pela primeira vez, na Colina Histórica, o terceiro uniforme, que homenageia o centenário dos Camisas Negras. Em 1923, o clube marcou a história do futebol brasileiro ao conquistar o título do Carioca, com um elenco majoritariamente composto por negros e operários, quebrando a barreira racista do futebol na época.

Acaso ou não, o primeiro gol com o novo uniforme, em São Januário, foi do camisa 23. No primeiro tempo, Zé Gabriel surpreendeu a marcação ao pisar na área e, de cabeça, abrir o caminho para a goleada. Algo incomum para o jogador, que não havia balançado as redes pelo Vasco.

Em suas redes sociais, o Cruz-Maltino destacou toda mística que esse número carrega na forma de luta e resistência, em um dos capítulos mais emblemáticos do clube. E que, por sinal, vem sendo reforçado cada vez mais nesta temporada.

“Quisera o destino que o primeiro gol em São Januário com o uniforme que homenageia os Camisas Negras fosse marcado pelo camisa 23. 1923-2023”, publicou a equipe de comunicação do clube carioca.

O lançamento de uma camisa histórica não poderia ter acontecido em um momento mais propício. Sob o comando de Ramón Díaz, o Vasco vive seu melhor momento na temporada e esboça reação para, enfim, deixar o Z4 para trás. Além disso, os reforços têm dado conta do recado, e o elenco já soma duas vitórias em dois jogos com o uniforme totalmente negro, que deve ser utilizado em outras partidas.

Operário dá volta por cima

Trajado com o manto negro, Zé Gabriel marcou seu gol de redenção e parece superar de vez as críticas da torcida. Na temporada passada, muitos torcedores pediam a saída do volante, até com apelidos pejorativos de “Zé Delivery”. A zoação teve início quando o jogador ainda defendia as cores do Internacional. Por lá, cometeu algumas falhas, ao errar passes decisivos na defesa.

Zé Gabriel comemorando gol histórico em São Januário com a Camisa Negra do Vasco – Leandro Amorim/Vasco

A chegada de Ramón Díaz, contudo, transformou o momento do camisa 23 da água para o vinho. Em campo, o volante subiu de produção e se transformou em um verdadeiro “operário” do Gigante da Colina. Guardadas as devidas proporções sociais e temporais, a fase e o estilo de Zé Gabriel traz a superação como marca, semelhante à história dos Camisas Negras de 100 anos atrás, cujo número ele carrega nas costas.

Agora, afinal, alguns novos apelidos ganharam destaque nas redes sociais, comparando-o com grandes volantes do futebol mundial. Um deles é “Zé Bruyne”, em referência ao craque belga Kevin De Bruyne, do Manchester City. Após o triunfo sobre o Fluminense, no sábado (16), Gabriel Pec exaltou o companheiro e entrou na brincadeira.

“Você joga muito Zé Bruyne”, escreveu o autor de dois gols contra o Fluminense e outro sobre o Coxa, nesta quinta.

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Zé Gabriel cumpriu suspensão no jogo contra o Bahia e não perdeu a vaga no time, mesmo com a sombra de Jair, contratado no início do ano com status de titular. Os números crescente de desarmes, o bom posicionamento e a evolução na saída de bola vem sendo esseciais para a confiança dos vascaínos no camisa 23, que deve seguir como titular para o jogo contra o América-MG, na segunda-feira.

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