Ser torcedor do Botafogo vem sendo um ato de resistência e heroísmo. O clube perdeu o protagonismo ao longo de décadas e hoje não é nem sombra do que um dia foi. Pela terceira vez na Série B, não dá sinais de reação. Afundado em dívidas, sem perspectivas mínimas, é menosprezado até mesmo por técnicos sem história, que se vangloriam de trabalhos pouco acima do aceitável.

O Alvinegro parou no tempo, comprou uma vaga, estacionou na mediocridade. Foi comandado por dirigentes que jogaram a história na sarjeta, elevaram dívidas, fizeram negócios escusos, roubaram até o brilho da Estrela Solitária.

Atônita, a torcida acompanha esse circo de horrores sem forças para reagir. É engolida pela onda da vergonha, do descaso, do fracasso. Ri da própria desgraça para se manter viva. Vira passageira de um ônibus sem freio rumo ao precipício do esquecimento, da pálida lembrança da glória.

Na Série B do Brasileiro, o time tenta reagir. Não tem técnico, não tem dirigentes, não tem jogadores. A Série C mostra as garras, avisa que está ali, na próxima esquina, à espreita. O clube é conduzido há anos por amadores despreparados, muitos mal-intencionados. As derrotas nos gramados são o reflexo das impiedosas e constantes goleadas nos bastidores.

É triste ver um clube tão tradicional morrer aos poucos, como uma pessoa senil presa a um passado glorioso, sem preparo para enfrentar um presente tenebroso. O amor do torcedor alvinegro é só o que resta, a última esperança de recuperação para um diagnóstico duro, doloroso e quase irreversível. As derrotas viraram um hábito, o pulso alvinegro está cada vez mais fraco!

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