Campeão da Libertadores e da Copa do Brasil, Abel Ferreira acumula insucessos que contrastam com a grandeza dos dois títulos: um quarto lugar pífio no Mundial de Clubes, sem nenhum gol marcado, uma eliminação na Copa do Brasil da temporada seguinte para o modesto CRB, além das perdas da Recopa Sul-Americana e Supercopa do Brasil com os canecos praticamente nas mãos. Mal-humorado e irritado, o treinador do Palmeiras criou uma narrativa para justificar as frustrações: a falta de reforços atrapalha o desempenho do time. Na última quarta-feira, após perder para o Red Bull Bragantino por 2 a 1, em tom deselegante de cobrança à diretoria, o português aproveitou a entrevista coletiva para externar a insatisfação pela falta de novos nomes no elenco, como se estivesse à frente de uma equipe do terceiro escalão do futebol nacional.

A percepção do treinador está equivocada. Ele reclama de barriga cheia. Se não tivesse em mãos um dos melhores elencos do país, não seria campeão duas vezes: Abel conta com um goleiro de Seleção Brasileira (Weverton), um zagueiro de nível internacional (Gustavo Gómez), um volante com experiência de sobra (Felipe Melo), um jovem promissor (Gabriel Menino), uma dupla de meias criativos (Raphael Veiga e Gustavo Scarpa), um atacante para jogar pelos lados que serve de garçom (Roni) e um centroavante que cumpre o papel (Luiz Adriano), sem mencionar o retorno de Dudu, ídolo do clube, identificado com a torcida e capaz de jogar centralizado ou escorado em algum flanco.

Aos 42 anos, Abel passou menos de uma década trabalhando como treinador, sem nenhum grande no currículo antes do Palmeiras: PAOK e Braga. Perdoem-me gregos e bracarenses, mas as duas instituições não somam, juntas, um 1/4 da história do Verdão. E mais: arrogante, o treinador não tem estofo para ditar regras. Há tempos, utiliza-se de uma mentalidade colonizadora para apontar erros sem a mínima autocrítica.

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