Adílio, ídolo do Flamengo, recorda jogos com o Vasco e relação com Dinamite

O Flamengo vai enfrentar o Vasco em duelo válido pela nona rodada do Brasileirão, no Maracanã, às 20h (de Brasília), nesta segunda-feira (05). Uma das maiores rivalidades do Brasil volta a ser disputada pela competição após dois anos. Por isso, o Jogada10, conversou com Adílio, um dos maiores ídolos do Rubro-Negro, sobre o clássico, seu histórico contra o time de São Januário e sua relação com Roberto Dinamite, maior nome da história do arquirrival, que morreu em janeiro.

O ex-volante nunca perdeu em jogos contra o Cruz-Maltino. Em dez partidas, venceu sete e empatou três. A respeito do histórico positivo, Adílio afirmou que se sentia mais motivado, pois, no Vasco, jogavam dois amigos de infância. Por sinal, quando eles se encontravam antes dos clássicos, na comunidade da Cruzada de São Sebastião, onde nasceram e cresceram, faziam apostas.

“Jogar contra o Vasco era maravilhoso. No meu caso, a disputa começou mesmo que indiretamente na minha infância. Porque eu joguei bola junto com o Paulinho Pereira (ex-lateral-direito) e o Ernani (ex-meio-campista) na Comunidade da Cruzada de São Sebastião. Quando eu soube que eles foram para o Vasco eu fiquei feliz da vida. Nossos confrontos se iniciaram ainda nas categorias de base, principalmente no juvenil”, recordou Adílio.

“Já no profissional, o Paulinho era reserva do Orlando e eu ficava torcendo para ele entrar e cumprimentá-lo. Por isso era um jogo especial. Quando chegávamos na Cruzada fazíamos apostas para o perdedor pagar algo. Isso era bom porque nos motivava a dar nosso melhor. Sempre que era possível eu tentava marcar um gol”, acrescentou o ídolo Rubro-Negro.

Projeção para o Flamengo x Vasco

Adílio confia que os comandados de Sampaoli vão ter um bom desempenho. Contudo, ressalta que os jogadores do Flamengo não podem subestimar o Vasco pelo mau momento e pede atenção deles durante o clássico.

“Eu achava Flamengo e Vasco um dos melhores jogos, um dos clássicos que eu mais gostava de jogar. Acredito que na segunda-feira também vai ser um grande jogo, com o Vasco tentando se reerguer no campeonato. Quem souber aproveitar as oportunidades, vai ganhar o jogo, sempre foi assim. Por isso tem que chegar muito preparado, não pode deixar algumas brechas, senão eles vão sofrer. Acredito que vai ser um grande jogo, com a expectativa de que o Flamengo consiga ter uma boa apresentação e conquiste a vitória”, detalhou o ex-meio-campista.

“Independente se uma das equipes estiver em um mau momento, quando chegavam no clássico o cenário igualava. Era o clássico mais impactante porque você tinha que estar muito bem em diversos aspectos. Eu me preparava da melhor maneira possível porque sabia que teria uma boa marcação e também nos obrigava a fazer o mesmo pela qualidade do time deles. Um exemplo é o Geovane que atuava ali na mesma região que eu e Andrade. Além disso, nós precisávamos sair para o jogo”, completou Adílio.

Clássico que serviu de preparação do Flamengo para o Mundial

O ex-jogador também gostava de marcar gols contra o Vasco, foram quatro em jogos consecutivos e dois deles em partidas que valiam título ou classificação. Em 1981, ele fez o gol que abriu o placar na final do Carioca. Por sinal, relembrou que esse duelo serviu como preparação para o Mundial.

“No futebol muito intenso da época já havia muita disputa. Eu sempre buscava aparecer como elemento surpresa. Além da segunda bola dentro da área, marquei gols algumas vezes em situações como essa. Jogamos com o Vasco uma semana antes de viajarmos para o Japão para a disputa do Mundial. Eu marquei o primeiro e o Nunes fez o segundo no rebote após ótima jogada do Zico e dividida do Júnior com o Mazzaropi”, relembrou o ex-meio-campista.

“Nós vencemos por 2 a 1. Foi uma partida muito importante para nós porque naquela semana nós perdemos o capitão Cláudio Coutinho (ex-treinador da equipe). A perda nos abalou, mas mesmo assim conseguimos superar o adversário e em seguida conquistamos o Mundial”, complementou o ídolo.

Relação com Roberto Dinamite

“Ele era da geração do Zico, então a ligação era mais forte, quando eu cheguei ao profissional e encontrei o Roberto, era um jogador espetacular. Ele teve muita humildade, conversou comigo, me deixou à vontade, sempre foi assim comigo. Dentro de campo, para encara o Dinamite era difícil, você tinha que estar alerta porque se cochilasse, ele fazia o gol, um artilheiro nato. Nossa amizade perdurou depois, nos falávamos sempre por ligação”, relatou Adílio.

“Era um jogador difícil de marcar, dava muito trabalho pro Mozer, para o Marinho e muitas vezes pro Figueiredo também (zagueiros). O Rondinelli então sofria muito com o Roberto desde o juvenil. Ainda tinha o perigo da falta na entrada da área pelos dois lados. Tanto Zico para o Flamengo e o Roberto para o Vasco cobravam muito bem. Era um jogo muito tenso, tinha que estar ligado”, declarou.

História inusitada com Santana, ex-massagista do Vasco

“Tem até uma história engraçada envolvendo o Santana, antigo massagista do Vasco. Teve uma vez que ele pediu para que o Ernani e o Paulinho não fossem para o banco de reservas e continuassem no vestiário. Segundo o Santana, sempre quando tinha Flamengo e Vasco em São Januário e eles me cumprimentavam, eu marcava gol.

“Os dois fizeram o que o Santana pediu, mas mesmo assim eu anotei o meu e responderam que não era culpa deles. Eu fiquei sabendo dessa história depois do jogo quando os encontrei. Nós às vezes também fazíamos exercício juntos, íamos para praia. Isso fortalecia nossa amizade e com que torcêssemos um pelo outro. A não ser quando nos encontrávamos em Flamengo e Vasco”.

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