Um dia depois de o Flamengo apresentar um laudo baseado em um estudo de leitura labial, que comprovaria o ato de injúria racial de Ramírez contra Gerson, o Bahia apresentou o resultado de uma perícia particular que encomendou. De acordo com o presidente do clube baiano, Guilherme Bellintani, o colombiano não usou a palavra ‘negro’. As informações são do site ‘GloboEsporte’.

O estudo da perícia se baseou em dois pontos do jogo. Aos seis minutos do segundo tempo, quando o placar era de 2 a 1 para o Bahia e que supostamente houve a injúria racial de Ramírez a Gerson, com a palavra ‘negro’, e aos 20 minutos do segundo tempo, quando o Bahia vencia por 3 a 2, em uma discussão do colombiano com Bruno Henrique.

Gerson discute com Ramírez – Reprodução de TV

“Após o conhecimento do vídeo, nós procuramos o Ramírez. Ele viu o vídeo e foi taxativo na hora em que viu. Ele diz: ‘tá quanto? tá quanto?’. Isso foi o que ele disse quando viu o seu próprio vídeo. Mandamos para um pessoa nos auxiliar aqui em Salvador. E ele nos confirmou que a expressão era ‘tá quanto?'”, afirmou Bellintani.

A perícia encomendada pelo Bahia teve a participação de cinco especialistas e um deles é o chileno Eduardo Llanos, que deu mais detalhes sobre a discussão entre Ramírez e Bruno Henrique.

“Inicialmente nós conseguimos ver que ele (Bruno Henrique) fala para Ramírez: ‘arrombado’ e depois ‘gringo de m…’. A palavra ‘arrombado’ também é utilizada em cima do outro jogador (Daniel) do mesmo time do Ramírez. Posteriormente, na sequência, quando vem aquela conduta de ambos os jogadores, Ramírez pergunta: ‘qué pasó?’, que é o mesmo que perguntar ‘qual é o problema?’, ‘que você está querendo?’. ‘Qué pasó’ é chamar para a briga”, disse Llanos.

Llanos ainda descarta a hipótese de que o colombiano teria dito a palavra “negro” em qualquer momento da discussão.

“Junto com a fonoaudióloga forense, que é especialista em leitura labial, foi constatado tecnicamente que não existe a palavra ‘negro’ em nenhuma das frases faladas pelo Ramírez na discussão. Não existe. O que acontece é que você observa a forma de colocar os lábios, a projeção da boca, tudo isso vai entregar uma palavra similar ou uma que você precisa encontrar. Mas não tem indícios de ele ter falado essa palavra”, garantiu.

O Flamengo encaminhou seu laudo, feito por especialistas do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), na terça-feira passada (22) e o encaminhou para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Gerson prestou depoimento sobre o caso na terça-feira (22) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no centro do Rio de Janeiro. A polícia informou que vai intimar Ramírez, o técnico Mano Menezes (demitido pelo Bahia após o jogo com o Flamengo) e o árbitro da partida. Já Ramírez está afastado
das atividades no Bahia desde segunda-feira.

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