Tava tudo ensolarado, a Massa estava feliz, tava fácil. O Galo ganhava de forma plena o primeiro jogo da final contra o Cruzeiro por 2 a 0 na Arena MRV. O Alvinegro ainda teve a chance de fazer o terceiro com Paulinho e até um outro gol numa penalidade não avaliada por Felipe Fernandes de Lima, mas não soube liquidar o clássico na primeira etapa…
Com o início do segundo tempo, o Atlético morno de outros tempos deu “seu ar da graça”. Uma saída errada de Lemos terminou com outra “pixotada” do zagueiro que chutou a bola no azarado Jemerson, que fez o terceiro gol em clássicos, mas para o lado indevido, uma artilharia totalmente indesejada. No término da peleja, coroando o segundo tempo medonho do Galo, o Cruzeiro deu números finais e empatou o jogo em 2 a 2.
De qualquer forma, a crônica de hoje é um alerta para um redirecionamento de culpa no CAM. Não poderá o atleticano imputar a Gabriel Milito o insucesso de ontem e outros revezes que podem ocorrer durante a implantação do seu modelo de jogo.
O Galo que disputa uma final de campeonato, que vale o pentacampeonato, se deu o direito de desconcentrar-se num jogo com recorde de público na sua casa. Não bastasse o “desfoco”, alguns elementos precisam ser considerados: o Alvinegro entrou com cinco jogadores acima dos 30 anos contra o seu oponente que começou o jogo com apenas um atleta com 30 anos ou mais.
As análises não são respostas para a falta de foco do time atleticano. Seria muito simplório e arrogante dizer que numa análise combinatória de vários elementos que foi isso ou aquilo que desencadeou o mau resultado. Contudo, há que se observar que a bazuca da “culpa” precisa de novos antagonistas e muita mea-culpa de todos os envolvidos.
Nem o público recorde garantem vitória, tampouco dizer que cinco atletas acima dos 30 tiram essas possibilidades. Mas são análises sobre competitividade que devem ser debatidas para atinar a tão desejada “intensidade” desejada por Milito.
Um time pode se esfarelar com 45 minutos como ocorreu no primeiro embate do Mineiro 2024? O preparo físico está proporcional? Time com idade média mais alta comparado aos outros consegue disputar uma temporada de jogos a cada três dias? Há atletas com rendimento abaixo por falta de objetivo alinhado com a instituição ou que já estão satisfeitos com suas carreiras? Os que têm “fome” podem suprir a falta de experiência com instrução?
Enfim, são inúmeros questionamentos que todos no corpo científico do Galo precisam se fazer para estar em sintonia fina a partir de agora. A Libertadores de 2024 se inicia nesta semana e algumas “peças” desconectadas do processo precisam ser reavaliadas para saber se caberão no planejamento.
A química com Milito vai precisar de tempo, tempo e tempo. Mas enquanto a fina sintonia não chega, será preciso concentração, preparo físico e conexão até as ideias começarem a ser digeridas.
O Atlético se desejar um ano mais proveitoso precisará redirecionar a bazuca, esquecer o treinador e também cobrar dos seus atletas, do entorno de preparação, da gestão que forma o elenco e deixar o homem ter tempo para o trabalho.
Será inadmissível vir aqui daqui mais sete meses e dizer que fomos para o lado mais sórdido e frágil que é culpar mais uma vez o comandante, eximindo de cobranças jogadores, dirigentes e outros atores que precisam ajudar neste processo de antifritura.
Se nossa cultura precisa de culpados para seguir em frente, chegou a hora de redirecionar a “bazuca” para longe do treinador e para mais próximo dos atletas, do corpo científico e dos dirigentes que formam o elenco que é entregue ao comandante. Mas é hora de facilitar a vida do Gabriel Milito em todos os sentidos.

Atlético cede empate ao Cruzeiro no fim do primeiro jogo da final – Foto:  Pedro Souza / Atlético

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