Quem vive de passado não é museu e, sim, quem tem história, insiste o palmeirense Mauro Beting. A contribuição do Botafogo para o futebol mundial está imaculada nos livros, imagens, vídeos, registros de outrora e pinturas de ídolos no muro em frente à sede. A chamada época de ouro. Nilton Santos, Garrincha, Jairzinho, Heleno de Freitas, Zagallo, Gerson, Didi, Manga, Quarentinha e Paulo Cézar Caju deram ao torcedor alvinegro uma narrativa gloriosa, completamente antagônica aos últimos anos. O elenco que disputa o Campeonato Brasileiro negou a memória do próprio clube. O rebaixamento, decretado na última sexta-feira com quatro rodadas de antecipação, delimita o fundo do poço. E não só na esfera esportiva. A queda silenciosa e quase desapercebida também é moral diante da forma pela qual foi arquitetada. O Alvinegro chega à Série B pela terceira vez. Agora, com uma dívida bilionária, diretores omissos, uma equipe sem interesse em honrar a camisa, jogadores na farra e um treinador dissimulado com inaceitáveis 9% de aproveitamento, além de uma retrospectiva recente burlesca em outras instituições.

O Botafogo passou 2020 massacrado por seus cardeais e pela súcia de farsistas apaniguados. Os mesmos que abusaram das redes sociais para promover as contratações dos improdutivos Honda e Kalou estão entocados em algum buraco, como ratos. Envergonhados? Não! Certos ou errados, em momentos de crise e na hora do descenso, dirigentes de clubes grandes posicionaram-se com veemência. Em General Severiano, local onde prefere-se exaltar figuras carcomidas, não. Nenhum detalhe sobre o planejamento de restruturação, explicação para o cenário desfavorável ou palavra de conforto à combalida torcida. É por isso que o desaparecimento Estrela Solitária da elite é tão dolorido, embora esperado.

 

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