Luís Castro começou o Brasileirão de 2022 olhando para baixo. A derrota para o Corinthians, na estreia, diante de um Estádio Nilton Santos lotado, trouxe à tona inúmeras debilidades de um gigante que acabara de pisar novamente em um lugar de onde jamais deveria ter saído. O resultado adverso lhe deu razão. O Botafogo do treinador português disputaria o torneio para evitar a zona de rebaixamento. Remou, inclusive, contra a maré de otimismo da torcida. Naquela época, em abril, o clube já estava nas mãos de John Textor, empresário norte-americano que injetou uma grana pesada na primeira janela de transferências. Textor até prometeu mais investimentos. Desde que Alvinegro estivesse bem posicionado na classificação.

No entanto, mais de um turno depois, com novos jogadores e sem um esquema de jogo claro, o treinador português se distanciou, pela primeira vez, do discurso adotado desde o início do trabalho. Afinal, para Castro, o Botafogo, 14º lugar do Brasileirão, precisa olhar para cima. Como se estivesse em condições de brigar por vagas nos torneios internacionais.  O técnico virou a chave logo após um empate diante do Juventude, lanterna e time que não deve figurar na Série A em 2023. E o resultado ruim diante do último colocado não é um tropeço isolado. O Botafogo venceu uma vez nos últimos nove jogos. Ao longo de sua jornada na elite, já deixou pontos para Ceará, Atlético-GO, Goiás, Cuiabá, Avaí, América-MG e Coritiba.

Castro e o apoio do patrão

Castro acredita que o Botafogo apresentou evolução em Caxias do Sul. Seus comandados tiveram mais posse de bola, contundência ofensiva e criaram inúmeras ocasiões contra o time mais frágil da Série A. Deve ter levado dois gols do lanterna por mero acaso. E não pela fragilidade do sistema defensivo alvinegro, segundo esta linha de raciocínio. Em sua zona conforto, passou incólume e sem questionamentos sobre o modo de armar a retaguarda. Aliás, a cada placar adverso, o português, cheio de razão, apresenta sempre uma explicação na ponta da língua para justificar o insucesso. Afinal, se o campeonato terminasse hoje, garantiria a permanência na elite, com apenas uma rodada no Z4.

Descolado da realidade, abraçado às próprias convicções e sem mostrar preocupação com os sinais de alerta. Assim, Castro tem de acordar todo dia, olhar o espelho e agradecer por ser o único treinador em todo o futebol brasileiro que conta com a benevolência do seu patrão. Algo raríssimo no país. Apesar do desempenho aquém do esperado, conta com o respaldo do dono do Botafogo. Textor o define como “sócio” no projeto. Sem o cargo ameaçado e com o ego alimentado pelo big boss, Castro inicia a quinta semana livre de trabalho. É outro privilégio sonhado pelos nossos professores. Tempo de sobra para corrigir rotas, aprimorar táticas e, sobretudo, ganhar o clássico contra o Flamengo.

*Este texto não reflete, necessariamente a opinião do Jogada10

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