Jogar em Brasília se tornou uma parada obrigatória para qualquer time carioca neste começo de 2023. Antes mesmo do fim de fevereiro, todos os quatro grandes (e ainda três pequenos) já terão passado pelo Estádio Nacional Mané Garrincha, na capital federal. Embora nenhuma partida envolva uma equipe brasiliense, o local se tornou o preferido até para times de fora do Rio. Uma escolha que tem a ver com identificação, mas também com questões financeiras e políticas.

Só em 2023, Flamengo, Vasco e Botafogo já atuaram em Brasília. O Rubro-Negro perdeu a Supercopa do Brasil para o Palmeiras, mas poderá se recuperar no clássico deste sábado (25), contra o Botafogo. O Glorioso, aliás, ‘visitou’ o Boavista no estádio, ganhando por 4 a 0. Até o Vasco atuou por lá, duas vezes, inclusive goleando o Trem, nesta quinta-feira, pela Copa do Brasil. Já o Fluminense vai enfrentar o Bangu, no dia 4, também por lá.

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Três cariocas jogaram em Brasília em 2023; Fluminense é o próximo – Marcelo Cortes / Flamengo

Mas, afinal, por que Brasília se tornou esta escolha? A resposta começa a aparecer quando se observa as vultosas comissões pagas aos clubes mandantes para venderem os jogos. O Grupo Metrópoles, administrador do estádio, paga valores que giram em torno de R$ 1 milhão por jogo. Assim, os times, geralmente pequenos, abrem mão de atuar em seus próprios estádios em troca da quantia, além de uma parte da renda, geralmente alta devido à presença das equipes maiores.

Dono da administradora do estádio é ex-senador

O Grupo Metrópoles, aliás, tem grande influência política no futebol brasiliense. A empresa que gerencia o estádio tem como dono o ex-senador Luiz Estêvão, que também foi o fundador do Brasiliense. Atualmente, o político é presidente da Federação Estadual do Distrito Federal e o braço esportivo da empresa é o responsável por movimentar o estádio e levar grandes jogos para a capital do país.

Foi com sua influência e poder financeiro que a empresa pôde levar a Supercopa do Brasil para Brasília. O Grupo fez uma proposta de R$ 6 milhões à CBF, que topou recolocar o jogo no Mané Garrincha. Dessa forma, clubes menores do Rio aproveitaram a oportunidade em que enfrentariam grandes equipes e decidiram também vender seus mandos.

Mas o Metrópoles não vive apenas de seu braço esportivo. Na verdade, trata-se de um grupo de mídia fundado por Luiz Estêvão, que tem um portal de notícias com o mesmo nome. O site é um dos mais acessados do país e tem repórteres espalhados pelas principais cidades brasileiras, cobrindo sobretudo política e notícias em geral. A CEO do braço esportivo do Metrópoles é a jornalista Lilian Tahan.

Só em 2023, já foram 11 os jogos no Mané Garrincha adquiridos pela parceria entre o Metrópoles e o banco local. Partidas do Campeonato Carioca e até do Paulista e do Mineiro já aconteceram em Brasília. Uma delas, aliás, gerou grande polêmica: a derrota da Portuguesa para o Santos, pelo Paulistão, saiu do Canindé para o Mané Garrincha, o que gerou muitas críticas de torcedores rubro-verdes.

‘Farra’ das vendas de mando pode acabar

Mas esta realidade pode não ter vida muito mais longa. Se os cariocas já têm Brasília como uma rota mais comum do que Moça Bonita ou o Raulino de Oliveira, por exemplo, a CBF já se mobiliza para frear este ímpeto. A entidade prevê uma limitação para a troca de estádios por parte dos times mandantes, sob argumento de preservação do nível técnico dos campeonatos.

Ao menos em competições nacionais, a CBF pretende assim limitar as vendas de mando. A norma está no Regulamento Geral das Competições (RGC) deste ano, mas é subjetiva. A entidade pode barrar a mudança de local do jogo caso entenda que pode haver “prejuízo técnico” ao jogo e à competição. No entanto, não existe uma limitação numérica para vendas de mando neste sentido.

Assim, para além do aspecto curioso de jogos do Campeonato Carioca (ou de outros Estaduais) acontecerem em Brasília, é possível notar que a realidade financeira combalida de muitos times do Rio também decide a questão. Por outro lado, a capital federal volta a aquecer seu mercado futebolístico mesmo sem nenhum clube da cidade atravessando um momento relevante nacionalmente.

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