A relação entre o torcedor do Botafogo e o técnico Bruno Lage não é das melhores. Desde sua chegada, o time caiu de rendimento, foi eliminado da Copa Sul-Americana, após a utilização de reservas nas quartas de final, e perdeu o clássico para o arquirrival Flamengo, a primeira derrota no “tapetinho” do Nilton Santos. Em seguida, aliás, ele colocou o cargo à disposição, tornando o momento mais instável.

Por outro lado, o português se defende com o argumento de que mantém números de bom nível (50% de aproveitamento), que poupar os jogadores era necessário e que o Glorioso permanece na rota do título, com dez pontos de vantagem na liderança do Brasileirão.

Nessa disputa, o Jogada10 detalhou as críticas mais frequentes dos botafoguenses nas redes sociais, juntamente com as explicações da comissão técnica de Lage, que assumiu o comando do Glorioso há menos de 50 dias.

Trabalho de Bruno Lage e sua comissão não agrada parte dos torcedores – Foto: Vitor Silva/Botafogo

USO FREQUENTE DE RESERVAS

Desde quando colocou a mão na massa, o português tem diálogo constante com o departamento médico, o qual já definiu como “top mundial”. Por isso, com o intuito de evitar e excesso de desgaste, tirou os principais jogadores da Copa Sul-Americana. Isso deu certo por duas fases, por sinal. Porém, nem mesmo contra o Defensa y Justicia, há cinco jogos de um possível título, a decisão mudou e o time caiu.

Bruno Lage, então, foi vaiado no empate no Nilton Santos, e a torcida não perdoou a decisão. Ficou claro que a prioridade absoluta é o Brasileirão, e essa decisão divide opiniões. Só que, contra o Flamengo, uma mudança surpreendeu: a entrada de JP Galvão, que teve má atuação, na vaga do titular Di Placido na lateral direita. O treinador apenas elogiou o jovem e não confirmou se foi uma escolha técnica.

RENDIMENTO RUIM FORA DE CASA

Bastou Lage assumir, e o Botafogo não venceu mais fora de casa. Até arrancou empates com Santos, Cruzeiro, São Paulo e Guaraní-PAR, mas o rendimento foi bem abaixo do que o time vinha apresentando. Afinal, até sua chegada, sob a orientação de Luís Castro e do interino Cláudio Caçapa, o Glorioso acumulava quatro triunfos consecutivos, inclusive contra rivais do topo da tabela como Palmeiras e Grêmio.

Em análise fria das partidas, a equipe foi dominada contra o Tricolor Gaúcho no primeiro tempo, com Caçapa, e apenas foi eficiente nas poucas chances. No jogo contra o São Paulo, por exemplo, o Botafogo até criou três boas oportunidades, mas não foi capaz de converter.

Números de Bruno Lage no Botafogo:

Total de jogos: 12 (4 vitórias, 6 empates e 2 derrotas)
Aproveitamento:
50%
Gols marcados:
18
Gols sofridos:
11

MUDANÇAS DE POSIÇÃO

O apelido de “Professor Pardal” foi mencionado algumas vezes, nas redes sociais, principalmente após Bruno Lage deslocar Tchê Tchê para jogar na ponta direita. A mudança de posição também aconteceu, aliás, no uso frequente de JP Galvão como lateral. O ex-jogador do Vasco subiu aos profissionais nessa posição, mas nunca teve o desempenho esperado. Emprestado ao Botafogo, virou volante há dois anos.

Por outro lado, a questão do ataque é delicada, afinal, Júnior Santos caiu bastante de rendimento e Segovinha ainda não se desenvolveu o suficiente para bater de frente com defesas fechadas por 90 minutos. Ou seja, o português vem buscando alternativas para não abrir mão do esquema que vinha funcionando. Outra opção foi mover Victor Sá para a direita, já que Luis Henrique está muito bem na esquerda.

DEFESA MAIS EXPOSTA

Em suas primeiras entrevistas, o treinador alvinegro reforçou que sua maior missão era “não interferir” na continuidade do trabalho, com resultados, até então, fantásticos no segundo semestre. Entretanto, ficou claro que a equipe passou a ser mais agressiva e cedeu mais espaços. Com isso, também, goleou duas vezes no Nilton Santos. Mas a defesa, ponto fortíssimo, foi exposta e dependeu muito do goleiro Lucas Perri.

CARGO À DISPOSIÇÃO APÓS DERROTA

De maneira surpreendente, Bruno Lage fez um desabafo a ponto de colocar o cargo à disposição após a derrota no clássico para o Flamengo, no último sábado. Mesmo sem elevar voz, mostrou o quanto estava irritado com o que considera um excesso de pressão externa em cima do líder do campeonato. Dessa forma, encerrou a coletiva após apenas uma pergunta sobre sua escalação e ameaçou criar uma crise que não existia.

O episódio foi rapidamente contornado pela diretoria do Botafogo, que se reuniu com o português já no início da madrugada de domingo e informou à imprensa que não haveria qualquer mudança. Posteriormente, o diretor de futebol da SAF, André Mazzuco, disse que Lage “se expressou mal”, que é muito protetor ao elenco, trabalha demais e citou a ansiedade como um fator que precisa ser controlado no clube.

Com quatro dias de folga, o Botafogo tenta recarregar as baterias para retomar o caminho das vitórias e deixar estas questões para trás. A próxima partida é no dia 16, contra o Atlético-MG, na Arena MRV, pela 23ª rodada do Brasileirão.

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