O mundo do futebol está de luto pelo falecimento de Diego Maradona. O Jogada 10 traz a trajetória do craque argentino, que começou em 1976. Ele jogou no humilde Argentinos Juniors de 76 até 1981. Foram 166 jogos e impressionantes 116 gols em seu primeiro clube.

ARGENTINOS JUNIORS

Em 1976, com apenas 15 anos, era jogador da base do Argentinos Juniors. Já era famoso e conhecido por seus lances rápidos, certeiros e geniais. Pouco tempo depois subiria para os profissionais do clube, onde encantaria o país inteiro. Em 1978 foi artilheiro pela primeira vez do Campeonato Argentino. No ano seguinte repetiu o feito, e também conquistou a artilharia do Campeonato Metropolitano, que reunia apenas os times da grande Buenos Aires e tinha importância tão relevante quando o Nacional. Neste mesmo ano foi eleito o melhor jogador sul-americano, prêmio dado pelo jornal El País, da Argentina.

No ano seguinte repetiu as artilharias de ambos os torneios e renovaria seu título de melhor jogador da América do Sul. Não chegou a ser campeão pelo Argentino Jrs, mas levou o time ao vice-campeonato. Futuramente, em 2003, o time nomearia seu estádio Diego Armando Maradona, em homenagem ao ídolo.

BOCA JUNIORS

No ano seguite, foi realizar seu principal sonho: ser jogador do Boca Juniors. Torcedor fanático do clube, estreou em um amistoso contra o ex-time, onde atuou metade da partida por cada um. Marcou gol pelo Boca, de pênalti. Poucos dias depois 65 mil pessoas presenciaram, em La Bombonera, seu primeiro jogo oficial: vitória por 4 a 1 sobre o Talleres e dois gols de El Pibe. Já em seu primeiro ano foi campeão do Campeonato Metropolitano e marcou em todos os clássicos contra o River Plate.

Já pelo Campeonato Nacional, acabou sendo eliminado nas quartas de final pelo Vélez Sarsfield. No jogo de ida, Maradona se envolveu em uma confusão e acabou sendo expulso e punido pela AFA (Associação de Futebol da Argentina). Este seria seu último jogo pelo Boca em sua primeira passagem. No jogo seguinte, o Vélez eliminou o Boca.

BARCELONA

Após um ano de sucesso no Boca Juniors, foi contratado pelo Barcelona pelo valor recorde de 7 milhões de dólares. O ano era 1982 e a Copa do Mundo estava batendo à porta. Em dois anos, marcou 38 gols em 58 jogos, conquistando três taças. No primeiro ano, terminou em quarto no Campeonato Espanhol, mas decidiu na final da Copa do Rei logo contra o Real Madrid: vitória por 2 a 1 em pleno Santiago Bernabéu com dois gols do craque. Na temporada seguinte, quase levou o Barcelona ao fim da seca de títulos na Liga, mas terminou em segundo, vendo a taça ficar, novamente, com o Athletic Bilbao.

No clube catalão, sofreu com lesões e com uma hepatite, que o tirou de campo por três meses. No fim de sua passagem, foi suspenso por três meses por causa de uma confusão criada no jogo contra o Athletic pela final da Copa do Rei. Derrota por 1 a 0 e saída pela porta dos fundos do clube. Em sua autobiografia “Yo Soy Diego“, Maradona afirmou ter ficado triste com a falta de apoio jurídico do clube espanhol. Após esse período, foi vendido para o Napoli, da Itália, onde faria história.

NAPOLI

Na Itália, teve sua mais duradoura e feliz passagem por um clube. Jogou em Nápoles por sete temporadas e elevou o clube de patamar. Quando chegou, o Napoli não tinha nenhum título italiano em sua galeria de troféus. Em suas duas primeiras temporadas lá, não venceu taças, mas ajudou a equipe Celeste a fazer boas campanhas. No ano de 1986, conquistou a Copa do Mundo e levou o Napoli a vencer a Copa da Itália e também o Campeonato Italiano.

Na temporada seguinte, começou a formar, ao lado de Careca, uma das duplas mais letais da história do futebol do país. Juntos eles conquistaram a Copa da Uefa de 1989 e o Campeonato Italiano do mesmo ano, além da Supercopa italiana de 1990. Disputou a Copa do Mundo em plena Itália e causou polêmica ao pedir que os torcedores napolitanos torcessem para a Argentina durante a competição. Coincidência ou não, Maradona seria vice-campeão contra a Alemanha após eliminar a própria Itália na semifinal, no estádio do Napoli: San Paolo.

Na temporada seguinte, o começo do declínio. Foi eliminado precocemente da Liga dos Campeões pelo Spartak de Moscou e foi pego pela primeira vez no anti-doping pelo uso de cocaína. Foi suspenso do futebol por 15 meses e entrou em depressão. Em maio, foi preso em Buenos Aires.

SEVILLA

Depois de 86 dias de batalha judicial e uma intervenção da FIFA, Maradona consegue liberação para deixar o Napoli. El Pibe acertou sua transferência para o Sevilla, voltando à Espanha após oito anos. Marcou apenas oito gols em 29 jogos e não deixou saudades. Acima do peso, o jogador era monitorado pelos dirigentes do clube espanhol, descontentes com suas recorrentes saídas para a noite. Sua passagem, a última em solo europeu, durou apenas uma temporada.

NEWELL’S OLD BOYS

Volta para a Argentina 13 anos após sua saída do país natal. Em um Parque Independência abarrotado, milhares de pessoas assistiram sua estreia pelo Newell’s Old Boys em um amistoso contra o Vasco. Porém, a passagem não pode ser considerada um sucesso. Afundado em depressão e acima do peso, o jogador passa a tomar uma substância proibida pela FIFA para emagrecimento. Durante a Copa do Mundo de 1994, foi pego no exame anti-doping e foi banido da competição ainda em sua fase inicial. A punição foi de mais 15 meses afastado do esporte.

BOCA JUNIORS

Sua carreira não poderia terminar em outro time se não o Boca. Em 1995, volta para o seu time do coração. Logo em sua chegada, faz grande dupla ao lado de Cannigia, mas não conseguem o título argentino. Pior: veem o maior rival River Plate conquistar a América em 1996, além do Apertura de 96 e 97 e o Clausura de 97. Sua última partida foi exatamente contra o River Plate. Os times estavam numa luta ferrenha pela liderança da competição e Maradona ajudou o Boca a vencer no Monumental de Nuñez por 2 a 1, deixando os Xeneize na liderança, dois pontos à frente do River. Na partida em questão ele foi substituído pelo, então jovem, Juan Román Riquelme, no que seria sua última partida como profissional, mesmo com o campeonato em andamento.

Por conta dos rumores de que ele seria novamente suspenso pelo uso de cocaína, optou por anunciar sua aposentadoria. Mais tarde o River Plate tornaria-se campeão pela vantagem de um ponto sobre o Boca.

SELEÇÃO ARGENTINA

Não é possível falar de Maradona sem lembrar da Copa do Mundo de 1986. A Argentina levantou sua segunda Copa com o craque como capitão e melhor jogador. Ele estreou na seleção de seu país em 1977, aos 17 anos e chegou a estar na pré-lista dos convocados para a Copa de 1978, mas foi cortado pelo treinador César Luis Menotti. Sua sorte foi que o craque não fez falta: a Argentina ganhou sua primeira Copa do Mundo, mesmo com o clamor popular por sua convocação.

Em 1979 foi convocado para a Copa do Mundo sub-20, onde marcou seis vezes e ajudou a Argentina a conquistar o torneio. Seu primeiro gol com a camisa da seleção foi neste mesmo ano, em vitória sobre a Escócia por, 3 a 1, em amistoso em Glasgow. Foi chamado para a Copa de 1982, onde acabou sendo eliminado pela Seleção Brasileira, em derrota por 3 a 1. Também foi expulso daquele jogo, em sua despedida da competição.

Em 86, a redenção. Disputada no México, a Copa do Mundo contava com grandes seleções, mas a Argentina não era das principais candidatas ao título. Em um momento mágico na carreira, Maradona comandou, como capitão, seu selecionado na conquista do torneio, com atuações e gols épicos, lembrados até hoje pelos amantes do futebol. Nas quartas de final, contra a Inglaterra, levou o time à vitória por 2 a 1, marcando um gol de mão (conhecido como o gol de “La Mano de Diós (a mão de Deus)) e outro fazendo fila: passou por seis defensores antes de marcar o gol que é considerado por muito o mais bonito da história das Copas.

Passou pela Bélgica na semifinal marcando duas vezes e chegou à decisão contra a forte Alemanha. Ele não marcou, mas ajudou sua seleção a vencer a emocionante partida por 3 a 2. A Argentina era bicampeã do mundo e Maradona virava, de vez, Deus.

Na Copa de 90, mesmo com uma seleção que não era vista como favorita, ajudou os argentinos a passarem pelo Brasil, se vingando da eliminação de oito anos antes. Nas oitavas de final, ele fez uma jogada em que deixou vários marcadores na saudade e serviu perfeitamente Cannigia, que marcou o gol único da partida. A Argentina chegaria na semifinal contra a Itália e quis o destino que a partida fosse disputada em Sao Paolo, estádio do Napoli. O craque atuava no time napolitano e fez com que os torcedores italianos se dividissem entre torcer por sua seleção ou por seu ídolo.

Com uma grande atuação, ajudou a Argentina a levar o jogo para os pênaltis. Marcou o seu na decisão e viu Goycochea defender duas penalidades, levando os argentinos à sua terceira final em quatro Copas. Mais uma vez a finalíssima seria contra a Alemanha. Na disputa por alcançar Brasil e Itália como únicos tricampeões, desta vez, melhor para os europeus: 1 x 0 e Alemanha tri.

Quatro anos depois, Maradona já estava acima do peso e não demonstrava o mesmo futebol de outrora. Defendia o Newell’s Old Boys, de seu país, e foi convocado mesmo após o problema de peso e das drogas. Porém, acabou tendo a imagem prejudicada ao ser suspenso do futebol ainda na primeira fase do torneio após ser pego no antidoping pelo uso de Efedrina, substância proibida pela FIFA que ajuda na perda de peso.

CARREIRA COMO TÉCNICO

Voltou a ter relação oficial com a Argentina em 2008, quando virou técnico da seleção nacional. O país estava perto de ficar fora da Copa do Mundo de 2010, mas Maradona ajudou a equipe a passar das eliminatórias na última rodada, em empate contra o Peru. A imagem de El Pibe correndo e deslizando de peito no gramado chuvoso em comemoração à passagem para a Copa correu o mundo. Porém, sua seleção não apresentou bom futebol e foi eliminado pela Alemanha após perder por 4 a 0 nas oitavas de final.

Pouco depois foi contratado pelo Al-Wasl, dos Emirados Árabes, e ficou de 2011 até 2012. Só voltaria a ocupar o cargo de técnico em 2017, quando assumiu o Al-Fujairah, também dos Emirados. Ficou até 2018, quando foi para o Dorados de Sinaloa, time da segunda divisão do México. Em 2019 assumiu o Gimnásia y Esgrima de La Plata, time mais antigo do futebol argentino. Ele ajudou o time a se livrar do rebaixamento na última temporada.

Títulos e feitos

Boca Juniors:

Campeonato Metropolitano – 1981

Barcelona:

Copa do Rei – 1983
Copa da Liga Espanhola – 1983
Supercopa da Espanha – 1983

Napoli:

Copa da Uefa – 1989
Campeonato Italiano – 1987 e 1990
Copa da Itália – 1987
Supercopa da Itália – 1990

Seleção Argentina:

Copa do Mundo – 1986
Copa do Mundo sub-20 – 1979

Artilharias:

Campeonato Argentino Metropolitano – 1978 (Argentinios Juniors), 1979 e 1980 (Boca Juniors)
Campeonato Argentino Nacional – 1979 e 1980 (Boca Juniors)
Campeonato Italiano – 1988 (Napoli)
Copa da Itália – 1988 (Napoli)

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