A edição de 2023 do Brasileirão, que começa neste sábado, já tem um lugar de destaque na história antes mesmo de a bola rolar. Afinal, a competição vem sendo rotulada “como a mais difícil de todos os tempos” no Brasil por parte da mídia, em razão do número de campeões na elite e dos altos investimentos das SAFs. Além disso, marca o aniversário de 20 anos da era dos pontos corridos.

Desde 2019, todos os clubes considerados grandes de Rio, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul não disputam o mesmo Campeonato Brasileiro. Desta vez, isso acontece porque Cruzeiro, Grêmio e Vasco conseguiram o acesso no ano passado. Juntos, o trio soma nove títulos. Isso sem falar no Bahia, a maior torcida do Nordeste, que também estava na Série B e tem dois troféus nacionais.

Os 20 clubes da edição de 2023 – Arte / Jogada10

Neste grupo, aliás, há três das novas SAFs. Cruzeiro, Vasco e Bahia se somam a Botafogo e Cuiabá para formar 20% da competição sob a gestão de uma empresa investidora. Além disso, Red Bull Bragantino têm modelo que se assemelha à SAF, como clubes-empresa. E Atlético-MG, América-MG e Goiás demonstraram interesse e já abriram negociações para aderir à turma.

Alto investimento das SAFs

Aliás, na lista de quem mais investiu para a temporada, o Cruz-Maltino e o Tricolor de Aço disputam o topo com o bilionário e multicampeão Flamengo, superando juntos a marca de R$ 180 milhões em contratações.

Porém, na opinião de alguns especialistas, ainda não é momento para equiparar as forças com os clubes que estão estruturados há mais tempo.

“Esse tipo de critério deveria levar em conta, em primeiro lugar, quantos times têm possibilidades concretas de ganhar o título, e de alguns anos para cá falamos de dois ou três. Em 2023, isso não mudou. Agora, em relação às diferentes disputas em zonas da classificação, talvez seja um ano diferente por não termos como fazer um prognóstico preciso sobre como será o campeonato de vários times. Para o lado bom e para o lado ruim”, acredita André Kfouri, apresentador e comentarista da ESPN Brasil.

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Athletico-PR e Fortaleza também chegam com a moral de campanhas sólidas nos últimos anos, muito boa estrutura e condições de investimento. Ambos, inclusive, marcam presença em torneios sul-americanas pelo terceiro ano consecutivo.

Os tradicionais Coritiba e Goiás completam a lista dos integrantes da turbinada versão 2023 do Brasileirão. No total, são nada menos do que 69 títulos da competição em campo a partir deste sábado – um recorde absoluto. Os únicos campeões que não estão na Série A deste ano são o Guarani (1978) e o Sport (do polêmico 1987).

20 anos de pontos corridos no Brasileirão

Em 2003, o Brasileirão inaugurou uma fase que resiste até hoje. Após décadas alternando fórmulas que priorizavam o “mata-mata” na reta final, a CBF enfim estabeleceu os pontos corridos. Dessa forma, exportou o que já era tradicional na Europa.

O Cruzeiro foi o primeiro campeão, há 20 anos, com um time liderado pelo meia Alex e pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. Aliás, não levou só o Campeonato Brasileiro, mas também o Estadual e a Copa do Brasil. A chamada “tríplice coroa”, algo que nenhum outro clube fez na história. Desde então, a Raposa conquistou mais dois títulos e ganhou a companhia, entre os tricampeões, de São Paulo, Flamengo e Palmeiras. Mas é o Corinthians, por sua vez, que lidera a lista do período, com quatro troféus (2005, 2011, 2015 e 2017).

O Corinthians levantou mais taças do Brasileirão do que qualquer outro clube nos pontos corridos – Photo by Alexandre Schneider/Getty Images

Hoje, parece impossível imaginar que o regulamento por pontos corridos perca espaço. Afinal, o argumento é o de que as 38 rodadas premiam o time mais regular e consistente. E, no futebol moderno, é o que costuma ditar o ritmo. Kfouri concorda, mas acredita que “a discussão nunca vai acabar”. Ainda assim, o jornalista cita defeitos mais urgentes, como a desigualdade entre os gramados e o excesso de mandos itinerantes.

No entanto, o quesito emoção ainda pesa para o lado do mata-mata em certas avaliações.

“O sistema de pontos corridos é bom porque privilegia a competência e o planejamento. Alias, sempre achei isso perfeito. Mas, hoje, sinto falta de algo que privilegie o futebol. Coisa que o pontos corridos não tem conseguido fazer há anos. O mata-mata não privilegia o mais regular. Sinceramente? Dane-se. A Libertadores, a Copa e a Champions League, os melhores torneios do mundo, também não e nem por isso perdem alguma coisa. Ao contrário, ganham em emoção”, argumenta o jornalista e youtuber Rica Perrone, em seu blog.

Maiores campeões da era de pontos corridos (2003-2022):

4 títulos – Corinthians
3 títulos
– São Paulo, Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras
2 títulos – Fluminense
1 título – Santos e Atlético-MG

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