Ao passo em que está em andamento a CPI da Manipulação no Futebol na Câmara dos Deputados, em Brasília, personagens de clubes importantes da Série A no Brasil adotaram discursos acusatórios no que tange a retidão do Campeonato Brasileiro.

Os apontamentos do palmeirense João Martins, auxiliar imediato de Abel Ferreira, além do técnico Luiz Felipe Scolari e do atacante Hulk, ambos do Atlético, exigem minuciosa apuração dos casos.

Mais do que isso. O trio precisa prestar esclarecimentos na esfera esportiva, penal e na Comissão Parlamentar de Inquérito.

Palmeiras
João Martins, auxiliar de Abel, está no centro da guerra de bastidores entre o Palmeiras e a CBF – Foto: Cesar Greco/Palmeiras

O amigo leitor, por acaso, não percebeu (ou ao menos questionou) como Martins estava convencido em suas palavras de que há algo organizado pelo “sistema” para que o Palmeiras não permaneça no topo por mais uma temporada? Nesse caso, já dá para cravar nas casas de apostas que o Botafogo será o campeão brasileiro?

Pelo lado atleticano, Hulk repete, quase que semanalmente, que a arbitragem está sempre contra ele e o clube ao qual defende. Já o técnico Luiz Felipe Scolari foi além, ao dizer que seu artilheiro é punido com muitos cartões amarelos “por ordem de lá de dentro”.

Com essa dica do pentacampeonão mundial, os apostadores já sabem: quando Hulk estiver em campo, devem colocar suas fichas que o atacante receberá amarelo. Afinal, já foram 16 em 35 jogos em 2023, 12 deles por reclamação. Aos que não conhecem o mercado de apostas esportivas, cravar quem leva cartões resulta em dinheiro nas investidas.

‘Sistema’ no mercado de apostas

Em meio ao cenário, a CPI deve convocar o trio para explicar como funciona esse tal “sistema” que interfere diretamente no mercado de apostas.

Mediante tão graves acusações, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva tem o dever de convocá-los para que se dê um passo crucial nas investigações e fique provado (ou não) o futebol de cartas marcadas. Afinal, o resultado, como disseram, pertence ao “sistema”.

Neste meio de semana não haverá rodada do Campeonato Brasileiro. E ficamos na torcida para que os jogos da Copa do Brasil não fiquem relegados a segundo plano por algum discurso incendiário que precisa vir notadamente acompanhado de provas.

Tenham razão ou não em reclamar, todas as equipes já foram beneficiadas ou prejudicadas em algum momento.

Ora, pois, não foi o magnífico Abel Ferreira, de trabalho técnico incontestável no Brasil, que disse após a derrota para o Botafogo que “aquela equipe tem tudo para ser campeã”? Então, vem o seu auxiliar e, ao proferir acusações, praticamente tira todo o mérito de um oponente que nada de braçadas no campeonato.

O Palmeiras é grande demais para aceitar esse discurso vitimista do auxiliar de Abel. Afinal, é o Maior Campeão Nacional do Brasil e novamente o dono da melhor campanha da fase de grupos da Libertadores. Rumo ao Tetra!

O próprio Wilson Seneme, presidente da comissão de arbitragem da CBF, considerou que o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima (RS) errou ao não expulsar Zé Ivaldo, do Athletico-PR, no pênalti cometido em cima de Endrick.

Ainda sobre o atual campeão brasileiro, vejo, sinceramente, o Verdão tirando o Brasileirão de prioridade para focar na Copa do Brasil e principalmente na Libertadores.

Todos erramos. Jogadores, dirigentes, treinadores, árbitros, profissionais da imprensa. Mas quando se fala em um “sistema” articulado para estabelecer resultados de jogos, aí é momento de parar o futebol em razão da gravidade da acusação. E investigar até que sejam provadas. Palavra por palavra.

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