Dorival Júnior ficou muito incomodado com as críticas durante e depois da participação do Brasil na Copa América. Optou por conceder entrevistas em larga escala na tentativa de justificar a eliminação precoce nas quartas de final.

Na visão do treinador, uma etapa inegavelmente dolorosa. Mas que faz parte do processo que levará a Amarelinha à Copa do Mundo em 2026.

O entendimento, contudo, não pode ser outro que não o de um desempenho decepcionante nos Estados Unidos. Afinal, empatar com a Costa Rica (a mesma que levou de 3 a 0 da Colômbia) e não empolgar em nenhuma das quatro partidas disputadas no torneio de modo algum pode ser encarado como algo normal.

Eliminação
Dorival fica fora da reunião em que os jogadores recebem orientação do auxiliar Lucas Silvestre – Foto: Reprodução de TV

Acompanhei in loco o início da era Dorival nos amistosos na Europa e vi de perto a montagem de uma Seleção  aguerrida e competitiva diante de Inglaterra e Espanha. Seleções, aliás, que podem fazer a final da Eurocopa no próximo domingo (14/7).

Na ocasião, os comandados de Dorival fizeram apresentações dignas e passaram boa impressão, independentemente do resultado de vitória por 1 a 0 sobre o English Team e empate por 3 a 3 com a Fúria.

Mas o que se viu com a bola rolando nos gramados dos Estados Unidos, após 25 dias de trabalho, foi bem abaixo da expectativa. As atuações, já nos amistosos diante do México e dos anfitriões da Copa América, não mantiveram o nível do que foi apresentado em Wembley e Madri.

Psicologicamente, o trabalho deixou lacunas, sim. Afinal, como explicar Vini Jr receber dois cartões amarelos em três partidas, sabendo da grande chance de encarar o bom selecionado do Uruguai no mata-mata?

Dorival em trilho desconfortável

Pelo que conheço de Dorival – já tive a oportunidade de entrevistá-lo algumas vezes -, de modo algum ele imaginaria uma reação positiva da imprensa e da torcida brasileira em meio à fraca campanha no torneio de seleções. Logo, tentar gerir risco de crise nesse momento não é o ideal.

Além disso, as interpretações sobre a postura nos instantes que antecederam as cobranças contra o Uruguai chatearam o treinador, que respondeu em tom firme aos críticos. Ele ficou do lado de fora da roda de jogadores antes dos pênaltis, e o episódio ganhou repercussão mundial.

Diante do exposto, contornar a situação com projeções de que “daqui a dois anos muitos terão de engolir um sucesso da Seleção”, referindo-se claramente ao Mundial, não me parece uma das melhores saídas.

Dorival desperdiçou a oportunidade de fazer um discurso mais realista ao povo brasileiro, a quem tanto afirmou parceria em suas entrevistas. Assim, ao invés de prometer melhoras, reconhecer que nem tudo deu certo no trabalho feito até agora, sem dúvida, era o caminho a trilhar.

Ficou claro que insistir em alguns nomes não faz sentido. E que dar lugar a jovens (sem ter medo do amanhã!), como Endrick e Estevão, é a única opção.

A seleção espanhola é o melhor exemplo disso. Viva Lamine Yamal!

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