Manhã de muitos esportes na TV. Havia canoagem, futsal, futebol inglês, teipe de automobilismo e vôlei, e uma modalidade estranha, sem qualquer emoção, no Première. Duas equipes rolavam a bola preguiçosamente para os lados, e o empate 0 a 0 parecia ótimo para ambos, pois o América somava um ponto, festa para quem foge da B, e o Flamengo cumpria tabela no Brasileiro, como é do gosto do técnico, sem muitos arranhões. Ficou em 1 a 1.
Mas não se sabe o que mais irrita, se o descaso geral, notadamente o rubro-negro, ou os comentários sem qualquer comprometimento, chapa branca como se dizia antigamente, explicações sobre o mau desempenho desse ou daquele, ou dos próprios times. Quem viu Leandro e Doval hoje apanha de Matheus França e de Pedro. Mal começou o returno e o Flamengo já abandonou o Brasileiro, ou a chance de ganhá-lo por três anos consecutivos, o que provavelmente não acontecerá mais, dada a dificuldade de fazê-lo.
Hoje o animador de auditório brindou o distinto público com outro catadão, visando a maldição da Libertadores. Renato Gaúcho é como remédio. Tem prazo de validade. O problema é que quando ele for demitido, provavelmente em 28 de outubro, logo após as semifinais da Copa do Brasil, a vaquinha já terá tomado o caminho do brejo.
Ainda não há necessidade de ar condicionado. Além disso, a conta de luz está de fato acima do valor comum, e não é preciso utilizá-lo para perceber que o Flamengo de hoje, como dito, é curioso, pois ganha e perde com a mesma facilidade. E o desempenho é sempre sem brilho, meio ao acaso, pois a cada jogo há uma escalação diferente. Assim, ao contrário do que ocorria antes, o time principal, outrora espetacular, e que criava muitas oportunidades, está em evidente processo de desmonte, o que ficou evidente nas últimas partidas.
A propósito, é óbvio que todos os titulares estariam em campo, se o jogo de hoje fosse absolutamente decisivo, pois você pode poupar um ou outro, aqui e ali, por desgaste excessivo ou contusão de fato, mas sete, oito, nove de uma vez é um absurdo. O futebolista é jovem, incluindo quem tem 35 anos, é atleta, e se trabalha em clube grande recebe todos os cuidados necessários, ou seja, normalmente está sempre pronto para entrar em ação. Sem falar, e já falando, da grana que banca o futebol de hoje, contratos milionários com patrocinadores, interesse da TV, participações distintas, enfim, tudo que exige um mínimo de responsabilidade.
O primeiro tempo de hoje, à exceção do gol incrível que Marlon não fez, foi de chorar. A chamada parada técnica parecia aqueles peladões das manhãs de domingo no campo da UFRJ, atrás do Pinel, quando alguns tentavam curar a ressaca, bebendo litros de água, e outros se queixavam de dores musculares, fato normal após noite mal dormida. Veio a etapa derradeira e praticamente nada aconteceu, além de dois gols, de Michael e Alê, empatezinho óbvio diante do nada. O que é Vitinho? E Andreas Pereira? A culpa é do calor.
O curioso é que mesmo com titulares, como ocorreu quarta passada, o Flamengo joga mal, tanto que o Fabian Bustos, o treinador do Barcelona, comemorou a derrota no Maracanã, pois sabe que poderá pelo menos igualar o resultado em casa. Bustos tem a certeza que fez um jogo razoável na ida, e que não desperdiçará, em Guaiaquil, as chances que teve no Rio. Além disso, contará com a pressão, o ambiente hostil que o time bem armado sob o seu comando saberá aproveitar para pressionar o adversário. O Flamengo apresenta falhas freqüentes na zaga, dificuldade de transição no meio, e é dispersivo na frente, o que ficou nítido no segundo tempo do primeiro compromisso com os equatorianos, quando teve um jogador a mais, e não conseguiu marcar um único golzinho, o que permitiria maior tranqüilidade na volta. Resta saber o que fará o animador de auditório no Equador.
Siga o Jogada10 nas redes sociais: Twitter, Instagram e Facebook.
*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10
Comentários