A discussão entre o técnico Enderson Moreira e torcedores do Botafogo revela o quanto os profissionais estão distantes da realidade dos clubes em que trabalham. E aqui não vai uma crítica aos treinadores, é só uma natural constatação.

O Botafogo enfrentava o Avaí em jogo importantíssimo na briga das duas equipes para voltar à Série A do Brasileiro. O time carioca acabara de sofrer o gol de empate em falha conjunta do zagueiro Gilvan e do goleiro Diego Loureiro. Detalhe: naquele momento, o Alvinegro era o vice-líder da Segundona, após arrancada espetacular sob o comando justamente de Enderson.

Logo surgiram as primeiras vaias direcionadas aos jogadores vindas da arquibancada. Inconformado e transtornado, Enderson cobrou apoio e logo começou a bater boca com torcedores. Não entendia como o time, em casa, não recebia apoio num momento em que tanto precisava. Raciocínio lógico, mas replicava ali o mesmo inconformismo que tanto criticava.

Enderson não é alvinegro. Simples assim. Jamais vai entender o sofrimento de uma torcida apaixonada ao extremo, mas muito maltratada há décadas. Para essa gente, passional, é difícil ver um time com uma belíssima história, pelo qual passaram tantos e tantos craques, afundado no lodo da Série B, perdido em dívidas, novamente decepcionando aqueles que pagaram caro e estavam lá, saudosos, ansiosos e desesperados, temendo o risco de o acesso virar pó.

Isso dói fundo na alma do torcedor, o verdadeiro torcedor. Enderson jamais vai entender. Só quem está lá, anos e anos sentando na arquibancada, é capaz disso. Ainda há tempo para uma reconciliação, que só virá com o acesso. Afinal, Enderson qualquer dia vai embora. E o torcedor voltará a sentar na arquibancada, independentemente da divisão em que o time esteja. Esse amor é e sempre será extremo. Isso é futebol.

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*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10

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