Áudios apreendidos pelo Ministério Público de Goiás sobre manipulação em jogos da Série B do Brasileiro apontam o desespero do jogador Romário, que atuou no Vila Nova, em busca de companheiros que participassem do esquema para garantir os ganhos do dinheiro investido em apostas. O “Esporte Espetacular” teve acesso a esse material com exclusividade.

Segundo os investigadores, Romário havia combinado com o aliciador, Bruno Lopez Moura, que cometeria um pênalti no primeiro tempo do jogo contra o Sport, pela última rodada da Série B. Mas o jogador não foi relacionado para a partida. Dessa forma, Romário e o atleta Gabriel Domingos – que as investigações apontam como cúmplices no time goiano – tentaram persuadir quatro jogadores a entrarem no esquema: Riquelme, Jean Cândido, William Formiga e Van Basty. Mas todos se recusaram.

Bruno Lopez de Moura é suspeito de aliciar jogadores para manipulação de resultados – Reprodução Instagram

Ameaças pesadas no esquema

Diálogos apreendidos apontam que Romário recebeu R$ 10 mil antes do jogo e ganharia mais R$ 140 mil se cometesse o pênalti, que estava previsto nas apostas dos criminosos. Romário chegou a oferecer R$ 200 mil a quem fizesse a penalidade em seu lugar, tamanha sua preocupação. De acordo com os investigadores, o tom do aliciador era de ameaça.

“Ninguém é de apavorar ninguém. Só que o cara é do Primeiro Comando, o cara é o certo pelo certo. A partir do momento que ele perder 50 centavos, ele já vai atrás com dois pés na porta. Agora, imagina R$ 500 mil…”, disse.

E ele completou: “Arruma um cara para fazer. Até mesmo você se fortalece. Ganha uma comissão”.

Romário e Gabriel Domingos, do Vila Nova, são réus no processo, ao lado de outras 12 pessoas – Divulgação – Montagem Jogada10

Oito jogadores suspeitos de corrupção

Como ninguém se dispôs a participar do esquema, a partida terminou em 0 a 0, sem penalidades. E as apostas não renderam. Dessa forma, preocupado por não cumprir o acordo e sob ameaças, Romário procurou o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, em busca de ajuda.

A partir daí, as investigações apontaram o envolvimento de outros 7 jogadores, além de Romário e do seu colega Gabriel Domingos. São eles: Joseph (Tombense), Allan Godói (Sampaio Corrêa) e quatro ex-jogadores do Sampaio Corrêa que hoje estão em outros times (Ygor Catatau, do Sepahan, do Irã; Paulo Sérgio do Operário-PR); Mateusinho, do Cuiabá; e André Queixo, do Ituano.

Além do jogo Vila Nova X Sport, as jogadas compradas aconteceriam em Sampaio Corrêa X Londrina e Criciúma X Tombense, também pela última rodada da Série B. Assim, as gravações mostram que Joseph cometeu o pênalti por R$ 150 mil.

As conversas analisadas pelos investigadores também deixam indícios de que a fraude pode ter se estendido em partidas dos campeonatos Mineiro e Gaúcho.

Bruno Lopez Moura, Romário e outras 12 pessoas tornaram-se réus no dia 17/3, por crimes de organização criminosa e corrupção. Oito atletas são investigados. E a pena para esses crimes pode chegar a seis anos de prisão.

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