Inglaterra e Itália decidem a Eurocopa 2020. Algo previsível desde que a competição começou. A Azzurra, nem tanto. Foi campeã mundial em 2006. Mas o English Team não fazia uma final desde 1966, quando venceu a Alemanha por 4 a 2 no antigo Wembley. E levou a Copa.

A Dinamarca é uma espécie de Bragantino da Escandinávia – uma equipe bem armada, que aproveita razoavelmente o que tem de melhor, e que joga sem cobrança de time grande, sem a obrigação de obter resultados e títulos, embora tenha até a possibilidade de obtê-los, dependendo do desempenho dos adversários. Mas em dado momento do segundo tempo, e notadamente na prorrogação isso era indiscutível, a pressão era tal que só os deuses do futebol poderiam evitar um segundo gol britânico, que veio com o pênalti de Mahle em Sterling, cobrado pelo, por ora, herói Harry Kane.

A propósito, é interessante lembrar que depois de cinco mudanças, lançando reservas que não estavam no nível dos titulares, a Dinamarca já não era a mesma. E que a vitória da Inglaterra parecia, como visto, irreversível.

O jogo começou sem exibir qualquer surpresa, ou seja, a Dinamarca recuada, apostando em contra-ataques, e a Inglaterra tentando superá-la. No entanto, e ao contrário do que ocorre com frequência, os visitantes não ignoraram a possibilidade de ir para frente, obrigando o time da casa a mostrar preocupação com a defesa, tanto que aos 30 minutos Shaw derrubou Christensen próximo da área, e Damsgaard, em ótima cobrança, abriu o placar: 1 a 0. Mas a Inglaterra é um time rápido, e o trio de zagueiros do adversário não era suficiente para impedir a troca de passes que ameaçava o empate. Aos 37, Schmeichel fez bela defesa em conclusão de Sterling, mas, no minuto seguinte, Saka cruzou rasteiro para Kjaer marcar, contra: 1 a 1. Na prática, um resultado justo diante que se viu, pois nenhuma das equipes terminou a etapa inicial merecendo algo além.

A Inglaterra retornou com maior intensidade, relegando a Dinamarca a esporádicos contra-ataques, que terminavam na intermediária, daí as três substituições promovidas por Kasper Hjulmand aos 21 minutos, visando equilibrar as ações. Como em um jogo de xadrez, Gareth Southgate imediatamente trocou Saka por Grealish, pois apesar da maior posse de bola, o time local só havia criado uma chance, em cabeçada de Maguire, para defesa de Schmeichel.

Com meia hora, surge aquele clima comum em duelo entre equipes que vivem situações distintas: o favorito começa a entrar em desespero, pois não sabe como vai ganhar, e o adversário já mostra alguma satisfação com o empate, que levará a uma prorrogação, que é sempre desgastante para ambos, e quem sabe, a uma decisão por pênaltis. A Dinamarca, agora sim, joga por uma bola, e a Inglaterra por um erro grosseiro do rival. Na realidade, tal possibilidade é reduzida, pois os visitantes estão atentos e efetivamente fechados. E a pressão britânica, que sugeria o golzinho fatal, foi inútil. Logo, mais meia hora.

A extensão da partida, aliás, não mudou o jogo. Southgate pôs Foden e Henderson, ampliando o fôlego, e como se dizia em priscas eras, alugou o campo contrário. Aos 13, Mahle derrubou Sterling. Pênalti. Kane cobra, o goleiro defende, e ele, o Furacão, apanha o rebote, e faz: 2 a 1. Diante do quadro, a etapa derradeira da prorrogação seria mera formalidade. Pois a Dinamarca ainda fez um esforço, quase obrigação, chutou a gol, mas bastou à Inglaterra prender a bola na frente para liquidar a questão.

Football is coming home.

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