A história de Janderson, do Botafogo, se parece com a de muitos meninos no Brasil. O roteiro vai desde uma infância muito difícil à tentativa de ser jogador de futebol para melhorar sua condição de vida. Na vitória sobre o Ypiranga-RS, na quinta-feira, pela Copa do Brasil. o atacante marcou seu primeiro gol com a camisa alvinegra e contou detalhes do que passou até o momento de glória.

Até antes da pandemia, Janderson vendia doces nas ruas do Rio de Janeiro. Criado na comunidade Complexo do Chapadão, não pôde fazer a base apropriada porque precisava ajudar a família. Mesmo assim, isso não o impediu de correr atrás de seu sonho e atuar por um time grande.

“Antes (de ser jogador) eu era vendedor de doce do Mercadão de Madureira. Pegava a mercadoria em Madureira (Zona Norte) e ia andando até a Freguesia (Zona Oeste) às vezes. Vim de uma família que tem muita dificuldade, e Graças a Deus nunca precisei fazer nada de errado. Sempre fiz o certo e agora é a hora da recompensa”, vibrou o jogador de 23 anos, que emocionou a todos que descobriram sua história.

“Passou muita coisa na minha cabeça (na hora do gol). É um sonho realizado, venho de uma família com muita dificuldade, que não tinha nada dentro de casa, por isso fazia meus trabalhos na rua. Sempre pedi muito a Deus para me abençoar e ele me abençoou, tive uma oportunidade no time B, fui para o profissional e agora pude aproveitar a oportunidade e fazer o gol”, recordou Janderson, ainda no gramado.

Do Bahia de Feira para o Botafogo B

Em 2021, já com 22 anos, o camisa 39 do Botafogo marcava seus gols nas divisões inferiores do Rio, por Angra dos Reis e Duque de Caxias. Sem muitas perspectivas, aceitou o desafio de ir para o Maranhão. No São José, foi o goleador da equipe no Estadual local e chamou a atenção do Bahia de Feira. Por lá, jogou a Série D do ano passado e marcou sete gols até aparecer o Botafogo.

Então, o atacante não pensou duas vezes. Afinal, voltaria para perto da família ao integrar o time B do Glorioso em competições e amistosos. Em uma dessas partidas, balançou as redes três vezes contra o Audax. Em fevereiro deste ano, passou a integral o elenco principal. Com isso, há três semanas, o clube renovou seu contrato até o fim de 2025.

Janderson na época de vendedor de bala com os amigos – Reprodução

Janderson pode ter mais chances

Na coletiva de imprensa após o jogo, o técnico Luís Castro fez uma de suas reflexões ao ser perguntado sobre a trajetória dura de Janderson.

“Não é só com o Janderson, as pessoas olham para nós como máquinas. Fundamentalmente, no futebol olham para nós como seres que não sentem, que não viveram, que não tem história e que podem ser agredidos a qualquer momento por tudo e por todos. E esquecem que as agressões que nos fazem, nos passam ao lado porque nós passamos por situações na vida que nos agrediram muito mais que essas que nos tentam fazer no futebol. (…) Janderson é mais uma história de vida e eu fico muito feliz por ele por ter feito o gol. É isso que nos marca para a vida. São essas histórias e nós podermos estar nessas histórias desses jogadores e felizmente eu tive a sorte de proporcionar ao Janderson a felicidade que todos as pessoas deveriam viver desde que nascem”, disse o treinador.

Janderson entrou no segundo tempo do jogo contra o Ypiranga, assumindo a posição de Matheus Nascimento. Por sinal, a joia alvinegra também marcou seu gol na partida. Aliás, Nascimento foi convocado nesta sexta para o Mundial sub-20. Dessa forma, Janderson pode ter mais chances de atuar, já que passará a ser o reserva imediato de Tiquinho Soares durante o período da competição de base.

Com a classificação, o Glorioso aguarda o sorteio para saber quem enfrentá nas oitavas de final da Copa do Brasil. Antes disso, tem pela frente o arquirrival Flamengo, domingo, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro.

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