Ambos são portugueses. O que há, de fato, é a diferença na postura. Um, Jorge Jesus, é vencedor. Com ele, o Flamengo ganhou muitos títulos. Outro, Paulo Souza, é perdedor. Com ele, o time perdeu tudo que disputou. Com o primeiro, o clube disputava qualquer competição como favorito. E justificava. Com o segundo, briga apenas para evitar vexames. Um desses está mais próximo do que imagina o torcedor. Se o Flamengo continuar com ele encerrará a temporada lutando para fugir da Série B no Brasileiro. O que resta em 2022, para o Rubro-Negro, com Paulo Souza, é continuar, aos trancos e barrancos, na A. Não vai conquistar absolutamente nada. Perderá dinheiro e prestígio. Pior: sofrerá crise aguda.

Assaf: ‘Jesus não preservava elenco. E o time vencia’ – Alexandre Vidal / Flamengo

Jorge Jesus deixou a porta do Flamengo pelos fundos. Foi atrás da fortuna acenada pelo Benfica. Se voltar, encontrará apenas vestígios do time que dirigiu. Um punhado de jogadores em eterna recuperação, alguns que foram espetaculares em decadência, e jovens que vêm da base e não tem bola para o time de cima. Mas é possível que possa sacudir o ambiente. Arrancar o Flamengo do marasmo absurdo no qual se encontra.

Muito se pergunta qual foi o segredo de JJ. Não existe segredo. Segredo você guarda a sete chaves. Não conta para ninguém. O que JJ fez foi o simples. Percebeu que tinha um grupo excelente à mão, montou um time principal, explicou em português claro, dado que o idioma é o mesmo, que exigia jogar para frente, e fez do lema “a vontade de ganhar tira o medo de perder” em prática. Não havia o péssimo e lamentável hábito de preservar. Isso era única e exclusivamente pontual. Jogavam todos em todas as partidas.

JJ poderá no mínimo tentar o procedimento que adotou em 2019 e recuperar o ânimo geral, mesmo que o material humano já não seja o mesmo, e que fenômenos como aquele dificilmente podem ser repetidos. Ele não é o treinador dos sonhos de muita gente, e há quem também concorde que a situação é efetivamente distinta. Mas a maioria esmagadora sabe que a permanência de Paulo Souza é o caminho mais curto para o caos. É como aquele buraco que você vai cavando aos poucos e um dia cai nele. E é tão profundo que terá muitas dificuldades para sair.

JJ não será multicampeão e há uma mágoa indisfarçável em relação ao fato de ter largado o Flamengo no meio do caminho. Mas o Flamengo – a torcida e a diretoria até agora não notaram – perdeu seis títulos em oito meses. Ser eliminado da competição não é mais nada diante do que se vê. A vida continua. Problema maior é chegar ao fim do Brasileiro sendo obrigado a ganhar cinco em 10 jogos para evitar a B. Problema muito maior é cair para a segundona.

A propósito, talvez não seja possível contratar JJ, por um punhado de circunstâncias, mas a possibilidade de fazê-lo pode ser um belo gancho para agitar de maneira radical o Flamengo. O fundamental é demitir Paulo Souza até o fim da noite desta quinta-feira. Com ou sem JJ. Como se dizia antigamente, quem avisa amigo é. JJ, na situação atual, e mesmo não sendo fanático pela sua figura, seria a cereja no bolo que hoje está queimando no forno.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10.

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