O pranto do surfista Ítalo Ferreira ao falar da avó pouco depois da conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio representa muito mais do que um mar de lágrimas de pura e indescritível emoção. Foi uma onda arrebatadora do sofrimento, do suor, da dedicação e da pressão que todos os atletas enfrentam desde que decidem mergulhar de cabeça no esporte.

Símbolos cristalinos do mais sublime amor, as avós são a memória de tudo o que é especial. São o porto seguro nas tempestades, o farol que alerta para os perigos, a estrela que conduz ao melhor destino, a âncora que impede o deslumbramento.

O ouro de Ítalo foi impactante demais. Não pelo valor da medalha, incalculável, de fato, mas pela homenagem sincera, pela saudade cortante, pelas lágrimas que logo se transformaram num oceano incontrolável de sensações.

Ítalo é um vencedor, mas também o são todos aqueles que dedicam anos e anos ao esporte, medalhistas ou não. O choro do campeão potiguar foi uma espécie de desabafo coletivo, retratou o trabalho duro, quase sempre invisível, uma nota 10 na avassaladora onda da vida.

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