Futebol Brasil

Baixo custo, sustentabilidade e elogios: o avanço da grama sintética na Série A

Faz sete anos que o primeiro gramado sintético foi instalado em um estádio de futebol profissional da Série A no Brasil. Desde então, pouco a pouco, os clubes aderiram à moda e, hoje, já são cerca de 20 campos com modificações artificiais. O último deles é o do Estádio Nilton Santos, que estreou o piso sintético neste fim de semana, na vitória do Botafogo sobre o São Paulo. Inclusive, ganhou muitos elogios.

O pioneiro, em 2016, foi o Athletico-PR, que abriu caminho na Arena da Baixada. Na sequência, mas apenas quatro anos depois, foi a vez do Palmeiras no Allianz Parque. Porém, neste intervalo muitos centros de treinamento ganharam campos com o novo material. De acordo com os especialistas, há três motivos para a transição: o custo mais baixo com manutenção e eventual reposição, a significativa redução do uso de água (impactando diretamente na sustentabilidade) e também a jogabilidade em qualquer condição.

Arena da Baixada foi pioneira na grama sintética na elite, em 2016 – Divulgação/Atlético

Essa tendência tem se intensificado recentemente, com a ajuda do constante desenvolvimento de tecnologias que aproximam a grama sintética da natural. Inclusive, que contribuem para evitar o risco de lesões nos jogadores. Isso, aliás, costuma ser o maior receio dos clubes.

Preconceito antigo com a grama sintética

O mercado, por outro lado, garante que esse detalhe não é um problema e que já está na hora de deixar de lado as comparações com o gramado dos campos de clubes de lazer. Afinal, estes são usados várias vezes por dia e a qualidade de fibras e tecidos é equivalente ao investimento. Além disso, a manutenção adequada, apesar de simples, é essencial.

“Ainda há algum preconceito pois os gramados de futebol “society” em quadras de locação não tem a manutenção devida nem tampouco são substituídos quando se esgotam, acabando por proporcionar uma experiência bem pior e com mais riscos do que o gramado natural bem cuidado”, explicou Rodrigo Fernandes Ribeiro, gerente da Pontal Esportes, que é a principal distribuidora da fabricante Sportlink.

Estádios como o Maracanã e a Arena Corinthians adotaram o sistema híbrido. Ou seja, mantém a grama natural com a adição de vários componentes sintéticos. Fluminense e Vasco já se posicionaram favoravelmente à instalação integral do artificial. Mas o Flamengo, até o ano passado, resistia. O custo para a substituição, dependendo do tipo de material, pode girar em torno de R$ 1 milhão.

“No Maracanã pode acabar com a discussão sobre os três poderem jogar na mesma semana. O gramado sustenta bem”, lembrou Rodrigo, em referência à polêmica concessão, que fez o Vasco entrar na Justiça para enfrentar o Palmeiras, neste domingo.

Elogios ao novo gramado da Série A

Outro campo importante do Rio de Janeiro, o Nilton Santos, cuja concessão é exclusiva do Botafogo, foi aprovado em seu primeiro teste. Os jogadores alvinegros, além do técnico Rogério Ceni e o atacante Calleri, ambos do adversário, fizeram elogios ao piso.

Gramado sintético do Nilton Santos suportou bem o temporal – Vítor Silva/Botafogo

“Fiquei surpreso com o gramado do Botafogo. Não sei se foi porque foi o primeiro jogo, porque ninguém jogou ainda. Mas eu achei muito, muito bom. É muito diferente do (campo) do Palmeiras e do Athletico-PR. Eu gostei demais. Dava para jogar. Os dois times jogaram com a bola no chão. O campo é muito bonito, o gramado aguenta um ano inteiro assim. Acho que vai ser um dos melhores gramados do Brasil “, disse o atacante argentino do São Paulo, autor do único gol tricolor na partida.

O gramado sintético, inclusive, passou pelo teste da chuva forte logo de cara. E o principal objetivo do clube, além do resultado esportivo, é a praticidade para receber mais shows no Nilton Santos, como os dois realizados pela banda Coldplay em março. Antes, a grama natural era muito prejudicada com o impacto de eventos desse porte. Hoje, no dia seguinte ao show, já estava pronto para o uso.

“O Botafogo quer transformar o Nilton Santos na maior praça de grandes eventos do Rio. Então, houve um cuidado muito grande na escolha e na qualidade para a montagem deste novo gramado. E você ter uma garantia de um gramado sempre bom é importante”, explicou André Mazzuco, diretor de futebol da SAF alvinegra.

Centros de treinamentos da Série A que usam grama sintética

Internacional
Flamengo
São Paulo
Palmeiras
Santos
Goiás
Botafogo (em breve)

EUA e Canadá dominam mercado

Outros estádios menores no país, como o do São José-RS e o do Santo André-SP, também têm campos 100% feitos com grama sintética. Na América do Norte, a tendência virou domínio absoluto, uma vez que Estados Unidos e Canadá aderiram fortemente ao produto e são, inclusive, os líderes deste empreendimento no mercado global. Com isso, tentam expandir para a Europa, onde as grandes arenas ainda sofrem resistências. Em alguns casos, o regulamento das federações ainda não permite o campo artificial.

A maioria dos gramados da MLS, nos EUA, são sintéticos – Divulgação

Por enquanto, Portugal e Holanda despontam como os destaques no continente. Inclusive, a empresa holandesa GreenFields foi a responsável pelo novo gramado do Palmeiras. No caso do Botafogo, a instalação foi realizada pela canadense FieldTurf.

“É muito rápido o processo de evolução hoje em dia. Nós fizemos o gramado do CT do Flamengo em janeiro e, de lá para cá, já há coisas novas que podem ser aplicadas”, revelou o gerente da Pontal Esportes, sobre o avanço da tecnologia.

Mais detalhes do gramado sintético:

– Grama sintética: Grama com o mais alto nível tecnológico, tem a composição de dois tipos de fio (mista). Esse modelo tem como diferencial a durabilidade e memória do gramado, que irá atender às dinâmicas do estádio tanto para os grandes eventos como para os jogos semanais. A mistura dos diferentes fios contribui para que os compostos se acomodem de forma mais homogênea no gramado, dando uma estética mais próxima a de uma gramado natural e requer uma menor manutenção.

Piso drenante: Sistema de drenagem de água, onde o fluxo de água passa por toda a extensão do campo. Isso contribui para que o sistema possa ser irrigado sem o risco de encharcamento.

– Shock Pad: Manta especial anti-impacto, que tem como principal objetivo trazer conforto e jogabilidade para o sistema. Esse material é importado, homologado e permite o mesmo desempenho de um gramado natural de alta qualidade.

– Cortiça: Esse material é um composto natural, que agrega o que há de melhor em termos de compostos para gramados sintéticos. Agrega uma maior absorção de impacto e tem o menor coeficiente de calor entre as opções existentes no mercado.

O CT Ninho do Urubu, do Flamengo, ganhou grama sintética em janeiro – Divulgação/Pontal Esportes

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Andre Casado

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