Vanderlei Luxemburgo quer comandar o Vasco por, no mínimo, mais duas temporadas. Ao mostrar interesse em realizar um trabalho a longo prazo, o técnico pensa na reestruturação e em encerrar sua carreira devolvendo o Cruz-Maltino ao topo do futebol brasileiro e sul-americano. O discurso é bonito, porém intrigante.

A derrota por 2 a 0 para o Flamengo manteve o alerta ligado – na força máxima – em São Januário. Mais do que isso. Repercutiu mal entre os torcedores, o maior patrimônio do clube. Não só pelo resultado, mas principalmente pela postura da equipe – covarde no primeiro tempo e amplamente dominada. Parecia uma luta de boxe em que um dos pugilistas até sobrevivia nos primeiros rounds, mas era notório que em algum momento beijaria a lona. Nenhuma finalização contra dez do adversário, que teve posse de bola superior a 70%. Quatorze cruzamentos no primeiro tempo contra apenas dois dos cruz-maltinos. E o Vasco não estava com um a menos: eram 11 contra 11. O abismo, contudo, além de técnico, era tático, físico e psicológico.

Flamengo X Vasco da Gama - Campeonato Brasileiro - 04-02-2021 - Marcelo Cortes / Flamengo
Léo Matos busca frear avanço de Bruno Henrique que, mais uma vez, deixou a sua marca no Clássico dos Milhões  – Marcelo Cortes / Flamengo

Um time que centraliza todas as saídas de bola em um único jogador facilita o combate. Sequer conseguia deixar o seu campo defensivo. Nas vezes em que perdia a posse no ataque, o Rubro-Negro pressionava, enquanto o Cruz-Maltino, quando perdia, observava. A estratégia de defender o 0 a 0 o maior tempo possível não funcionou. Sem ter a quem marcar, os defensores rubro-negros avançaram e fizeram estragos. Foi de Filipe Luís, inclusive, o cruzamento para Arrascaeta ajeitar para Bruno Henrique sofrer o pênalti. Merecidamente, veio o castigo com o gol nos acréscimos.

E tudo isso é absolutamente antagônico ao discurso ensaiado de Luxa sobre a grandeza do clube de São Januário, acompanhado de suas famosas frases de efeito no vestiário. Ser inferior tecnicamente não impede que os jogadores briguem por espaço dentro do campo. Era preciso ter desafogo, segurando a bola no ataque para dar um respiro à defesa.

Ao substituir Benítez e dizer na coletiva de imprensa que precisa preparar o seu camisa 10 para os quatro jogos restantes, passa a impressão de que a culpa pelo péssimo primeiro tempo do Vasco estava sendo atribuída ao argentino, que perdeu sete posses de bola. Gerson e Diego deitaram e rolaram em cima de Leo Gil e Ben10, é verdade, mas sacar o único cérebro da equipe por opção técnica foi um erro imperdoável.

A volta do “Pofexô” não resultou em progressos significativos, exceto nos 3 a 2 sobre o Atlético-MG, há duas semanas. Em 24 pontos disputados em 2021, somou nove. Aproveitamento de 37,5%. Dos considerados grandes, a campanha é superior apenas a São Paulo e Botafogo. Este, último, aliás, o primeiro rebaixado matematicamente para a Segunda Divisão após perder para o Sport na sexta-feira, por 1 a 0.

Diante da falta de ousadia para buscar uma vitória sobre o Palmeiras reserva e com a cabeça na Libertadores, numa terça-feira, a equipe recebeu o Bahia no domingo, apenas um ponto à frente da equipe nordestina em um duelo direto contra a queda. O que o time de São Januário produziu? Absolutamente nada!

Na recente era Vanderlei Luxemburgo, o Vasco ainda perdeu pontos nos empates com Atlético-GO, Palmeiras (reserva) e Bahia, e nas derrotas para Coritiba e Red Bull Bragantino.

* Com estatísticas do Sofascore

 

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