Contrariando a lenda de Robin Hood, o herói inglês de Sherwood, que tirava dos ricos e dava para os pobres, o Flamengo derrotou o Sport por 3 a 0, e manteve, quem quiser acredite, a possibilidade de brigar pelo octacampeonato. Foi um duelo de dois tempos distintos. No primeiro, o Flamengo reeditou os melhores momentos de 2019, e no segundo,  foi um marasmo só.

Flamengo X Sport Recife - Campeonato Brasileiro - 01-02-2021 - Alexandre Vidal / Flamengo
Bruno Henrique prepara o arremate, sendo marcado por Maidana – Alexandre Vidal / Flamengo

Ninguém contesta a qualidade do time, apesar dos exageros, notadamente de quem viu pouco futebol na vida. Sim, há craques para os padrões de hoje, e até para tempos idos. Mas há pelo menos um problema que também é fato incontestável: os caras nem sempre estão dispostos a jogar. Foram muitas as partidas, no atual Brasileiro, em que o time ficou descansando à sombra de uma árvore, vendo o adversário construir os resultados, deixando o Flamengo à margem da ponta. A etapa derradeira deixou isso evidente.

O Rubro-Negro carioca começou arrasador, marcando por pressão, deixando o Sport sem saber se defendia ou atacava. Na dúvida, o time pernambucano foi inoperante na frente, perdeu completamente o meio, e abriu muitos espaços atrás, permitindo que o visitante criasse, sem euforia, no mínimo sete oportunidades concretas, das quais só aproveitou duas, com Gabriel, logo aos três minutos, e com Bruno Henrique, aos 18.

O carnaval de chances desperdiçadas manteve o interesse geral no jogo, dado que o segundo tempo possibilitava um placar bem mais amplo, ou a reação do Sport, levando-se em conta a caminhada irregular do Flamengo no Brasileiro. Pois o time carioca diminuiu o ritmo, e viu o adversário, diante da empolgação e da necessidade, crescer o suficiente para assustar o torcedor carioca, que orava pelo terceiro gol. Gato escaldado tem medo de água fria.

Rogério Ceni já substituíra dois por contusão, e aos 31 minutos, incomodado com a moleza, mexeu por atacado, com dois objetivos: fortalecer a marcação e aumentar o poder de conclusão. Em dado momento, ali pelos 35, a equipe pernambucana, que se vale apenas do esforço, parecia esgotada.

Pois o gás, de fato, acabou. E o Flamengo, que aguardava apenas o apito final, ainda conseguiu marcar enfim o terceiro gol, em chute cruzado de Pedro, repetindo o placar do Rio. A vitória deixou o time carioca próximo do Inter. O problema é que nunca se sabe qual é o Flamengo que vai completar o Brasileiro: o que perdeu 11 dos 12 pontos que disputou com Atlético-GO e Ceará, ou o que arrebentou o adversário no primeiro tempo do Recife.

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