“Maestro”, em espanhol, não restringe-se à figura de regente de uma filarmônica. A palavra serve para adjetivar pessoas cativantes e capazes de transmitir saberes. É o termo mais adequado a Óscar Washington Tabárez Silva, treinador da seleção uruguaia de 2006 até novembro de 2021. Nesta sexta-feira (19), aos 74 anos, ele encerra um dos ciclos mais longevos da América Latina.
No lado oriental da Província Cisplatina, Tabárez foi muito mais professor do que treinador. O trabalho de mais de uma década tem conotações pedagógicas para os celestes.
Mais importante do que os gols de Suárez, Cavani, Forlán e Loco Abreu, a história de Tabárez, infelizmente, ficou em segundo plano. Sem conseguir locomover-se sem ajuda de muletas e afetado por uma doença crônica, Tabárez estava perto de deixar a seleção desde a Copa do Mundo de 2018. Persistente, seguiu firme no cargo, mesmo sem obter os resultados de outrora.
A maior preocupação do treinador, no entanto, sempre foi a educação em seu país. Ex-professor da rede pública e com a mente inquieta, ele conseguiu transmitir os melhores valores em campo. Solidariedade e bravura, atributos que devolveram ao Uruguai um pouco mais de protagonismo no cenário continental com o quarto lugar na Copa do Mundo de 2010 e o título da Copa América do ano seguinte.
A simplicidade, os cabelos grisalhos, a fala pausada e os passos trôpegos aproximam Tabárez de um personagem de “Montevideanos”, obra-prima do escritor Mario Benedetti e livro através do qual o autor trata as sutilezas da alma uruguaia. Como seria bom encontrar o treinador na Cidade Velha. Certamente para agradecer-lhe o bem que fez ao futebol.
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