Jogasse Pelé em tempos da internet e teria uma estátua em cada estádio do planeta. No entanto, as imagens que sobreviveram são suficientes para mostrar que ele continua sendo o maior craque de todos os tempos.

Pelé beija a Jules Rimet. Ele esteve presente nas três conquistas do Brasil que garantiram a posse para sempre desta taça (a original foi roubada e derretida, esta é réplica oficial) – Ricardo Stuckert / CBF

Em certa ocasião, o próprio Rei afirmou, sem modéstia alguma, que só há um fenômeno igual em cada arte, citando Beethoven, na música, e Michelangelo, nas artes plásticas. Curiosamente, há muita discussão em torno de Pelé, e principalmente entre brasileiros, e que vão além das quatro linhas, como se ele não fosse um ser humano, sujeito a acertos e erros. Tanto que chegaram a acusá-lo de ter sido omisso no aspecto político, nos piores anos da ditadura, como se fosse obrigado um dia a largar sua atividade profissional para pegar em armas e questionar os generais de plantão.

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Pelé jogou quatro Mundiais e conquistou três. Foi figura absolutamente fundamental na Seleção e no Santos que tornaram o Brasil conhecido no mundo inteiro, como um país com algo positivo para mostrar, muito além da miséria e da violência habitualmente comuns ao nosso cotidiano, e das agressões ecológicas tão comuns na atualidade.

É fato que Pelé também foi e é vítima do racismo, vez por outra tão evidente por aqui, como se fosse um acinte um negro, jogador de futebol, egresso de uma situação desfavorável, ganhar dinheiro e fama, e elevar o nome de seu país, ao contrário de políticos brancos e poderosos, que tiveram tal oportunidade, mas sabe-se lá por quais interesses abriram mão de fazê-lo.

Pelé completa 81 anos neste dia 23 de outubro – Divulgação/Netflix / AFP

Pelé foi um espetáculo à parte em todos os cantos do mundo. Divertiu a Suécia austera e civilizada aos 17 anos de idade, desfilou de carro aberto nos Champs-Élysées, mobilizou o Japão inteiro pela TV, negociou a paralisação de uma guerra civil na África, decretou feriado nacional na Nicarágua, mobilizou o México por quase um mês para vê-lo tricampeão, fez o futebol ganhar interesse de verdade nos Estados Unidos, foi eleito o Atleta do Século e ganhou audiências especiais de reis, papas, presidentes, primeiros-ministros, astronautas e gente do povo. Levou 150 mil pessoas ao Maracanã em um dia útil e de temporal, quando já somava 40 anos de idade, e como se não bastasse, marcou mais de mil gols e conquistou mais de uma centena de títulos, no Brasil e no exterior, derrubando mitos e fronteiras.

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Difícil explicar, para quem não teve a chance, a expectativa que havia para ver Pelé jogar, pela Seleção, pelo Santos, por qualquer campeonato ou amistoso, ou o orgulho de vê-lo sendo tratado como celebridade absoluta por monarcas e princesas tão distantes e ignorantes de nosso complexo de vira-latas.

Se você não teve a sorte de fazê-lo, azar o seu, porque a lembrança de momentos especiais é uma dádiva para quem se aproxima dos 70. Vida longa ao Rei.

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.

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